Mais desentendimentos marcaram a sessão ordinária da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte desta terça-feira (12). Desta vez, os protagonistas da mais acalorada foram os vereadores Rafael Cearense e Janu.

Na sessão, Janu deu prosseguimento às denúncias relacionadas a possíveis irregularidades na prestação de serviços do Instituto Diva Alves do Brasil (IDAB) no município, responsável pelas administrações do Hospital Maternidade São Lucas e Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Limoeiro.

Na sessão anterior, Janu expôs parentes do prefeito Glêdson Bezerra que prestam serviços ao IDAB. Desta vez, trouxe à tona possíveis superfaturamentos de outras pessoas dentro dos serviços prestados ao instituto, como um motorista de aplicativo que estaria recebendo mais de R$ 9 mil mensais e uma médica que exerceria função em dois setores ao mesmo tempo e com remuneração de R$ 65 mil.

Na sessão, Janu também relembrou a saída da Associação das Crianças Excepcionais de Nova Iguaçu (ACENI) da administração do Hospital Maternidade São Lucas e UPA do bairro Limoeiro, que, a partir daí, passaram a ser administrados pelo IDAB.

A ACENI deixou a administração das unidades após a Prefeitura de Juazeiro do Norte conseguir formalizar, com Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), acordo para que a empresa deixasse a gestão.

Já após a convocação da IDAB, em fevereiro de 2021, a contratação da mesma gerou questionamentos na Casa Legislativa, tendo em vista processos trabalhistas que a empresa já respondia por parte de ex-funcionários de unidades sob sua administração e determinadas cláusulas contratuais. Agora, Janu afirma que houveram irregularidades na contratação.

Segundo Janu, ritos do chamamento, como análise de documentos de habilitações em sessões públicas, avisadas com antecedência e publicadas no Diário Oficial, não teriam sido cumpridos.

Janu indagou Rafael Cearense, que é líder do governo municipal na Câmara, se a gestão Glêdson já havia publicado portaria para a abertura de processo administrativo para a apuração de possíveis irregularidades da empresa IDAB.

Rafael disse que essa não era sua responsabilidade, mencionou glosas (não repasse de verbas) da gestão municipal para o IDAB e pediu à Mesa Diretora da Casa uma audiência pública, onde fossem convocados o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal, o prefeito Glêdson Bezerra e a secretária de Saúde, Francimones Rolim. Segundo Cearense, na mesma, Janu poderia elucidar dúvidas.

Rafael também afirmou que Janu queria colocar sob ele a responsabilidade. Janu negou, mas reforçou que Cearense teria chegado com a defesa da secretária Francimones.

Janu insinuou que a Prefeitura de Juazeiro do Norte não quer o rompimento do contrato com a IDAB. “Se quisesse fazer rompimento, já teria motivo lá no certame […] O que justifica é que tá lá o contrato milionário, com mais de R$ 100 mil para o primo do prefeito, como eu já mostrei aqui. Existe gente de casa ganhando. Mostrei documentos. Contra provas, não há argumentos”.

“Negócio de glosa! Quer dizer que a glosa essa médica ganhou 65 mil, foi glosado alguma coisa dela aqui? Esse uber que foi pago nove mil e pouco, foi glosado alguma coisa dele aqui? Me mostre, eu desafio! Agora pra falar m*rda aqui só o que tem”, completou Janu, com os ânimos exaltados.

Rafael retrucou: “O senhor deve respeitar. Em nenhum momento eu disse que o senhor tava falando m*rda. O senhor quem fala muitas vezes m*rda aqui”.

O presidente interino da Casa, vereador Bilinha, pediu “calma”. Na sequência, diante da ausência de matérias para votação, encerrou a sessão.

Assista ao ápice do bate-boca a partir do minuto 2:45:40