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Desmatamento da Mata Atlântica cresce 66% em apenas um ano; Ceará mantém diminuição de registros
67 municípios do Ceará apresentam trechos de Mata Atlântica
Yanne Vieira
Foto: Reprodução SOS Mata Atlântica

Uma área de 21.642 hectares foi desmatada no bioma da Mata Atlântica entre 2020 e 2021. O número representa um crescimento de 66% com relação ao período anterior de 2019 a 2020, quando foram desmatados 13.053 hectares. Os dados são do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgados nesta quarta-feira (25).

O bioma compreende 17 estados, sendo Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Piauí, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.

A pesquisa é da Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). De acordo com o Atlas, o desmatamento do bioma aumentou em praticamente todos os estados, exceto no Ceará e em Santa Catarina.

No Ceará, 67 municípios apresentam trechos de Mata Atlântica e de ecossistemas associados, assim como 21, das 34 Unidades de Conservação Estaduais (UC). Entre 2020 e 2021, o Estado registrou queda de 28% na área desmatada, com 30 hectares. No período de 2019 e 2020, a índice chegou a 42 hectares.

Os dados apontam que mais de 80% do desmatamento registrado durante o período se concentra nos estados de Minas Gerais com 9.209 hectares desmatados, Bahia com 4.968 ha e Paraná com 3.299 ha.

Sergipe, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro estavam se aproximando do desmatamento zero, (quando os dados não passam de 100 hectares no ano), mas voltaram a registrar alta.

Alagoas, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte tiveram desflorestamento menor que 50 hectares, no entanto, não se pode afirmar categoricamente que estão em situação de desmatamento zero, por serem regiões constantemente cobertas por nuvens.

Para o titular da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Artur Bruno, o número reflete na criação de UC, “nem sempre conseguimos, mas eu fico muito feliz de ver o trabalho de muita gente, não só do estado, evidentemente, mas de ONGs, universidades e municípios, todos lutando para preservar a Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados e que devemos preservar, sobretudo agora que estamos vivendo a Década da Restauração de Ecossistema (2021-2030), da ONU”, pontuou.

De acordo com a SOS Mata Atlântica, “a perda de florestas naturais, área em que caberiam mais de 20 mil campos de futebol, corresponde a 59 hectares por dia ou 2,5 hectares por hora, além de representar a emissão de 10,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera”.

O agronegócio, a pressão da expansão urbana e a especulação imobiliária, são as principais causas apontadas como motivação para o desmatamento.

Sobre os dados

No período 2020-2021, da área total de 130.973.638 hectares (ha) da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica, 86,8% foram avaliados; 11,2% foram parcialmente avaliados, por conta de imagens parcialmente cobertas por nuvens e 2,1% não foram possíveis avaliar pela indisponibilidade de imagens por cobertura de nuvens.

Lei da Mata Atlântica

Embora o Atlas não tenha o propósito de investigar a legalidade dos desmatamentos detectados, a vegetação nativa do bioma é protegida pela Lei da Mata Atlântica. Portanto, o trabalhos utiliza como referência para o mapeamento das formações naturais e monitoramento do desflorestamento, o Mapa da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica, Lei 11.428 de 2006, segundo Decreto nº 6.660, de 21 de novembro de 2008, publicado no Diário Oficial da União de 24 de novembro de 2008.

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