Foto: Agência Brasil
Com a desmobilização do garimpo nas terras Yanomami, em Roraima, aumentou o receio dos mundurukus. Segundo os líderes indígenas, as retaliações normalmente ocorrem após a retirada de garimpeiros. Cerca de 18 líderes munduruku estão sob ameaça de morte, de acordo com o levantamento dos próprios indígenas. Localizada no alto curso do Rio Tapajós, no Pará, a Terra Indígena Munduruku tem 2.382 mil hectares, área equivalente a 2 mil campos de futebol, e é um dos três solos indígenas que concentram 95% do garimpo ilegal no país, juntamente com os territórios yanomami e kayapó.
Entre as lideranças ameaçadas que tiveram de deixar suas casas por pressão de criminosos está a coordenadora da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn, Maria Leusa Munduruku. Ela conta que tomou a decisão de se esconder para se manter em segurança, pela primeira vez, durante o governo de Jair Bolsonaro. Em maio de 2021, a coordenadora viu sua casa, no município de Jacareacanga, sudoeste do Pará, ser incendiada por invasores da Terra Indígena.
De acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), em maio de 2021, lideranças munduruku acionaram organizações parceiras para denunciar o incêndio à pequena aldeia indígena Fazenda Tapajós. Os autores do crime foram garimpeiros, que reagiram logo após a Operação Mundurukânia, que combatia garimpos clandestinos na região. Essa ação contou com agentes da Polícia Federal (PF), Força Nacional, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação Nacional do Índio (Funai). De acordo com levantamento do MapBiomas, somente na TI Munduruku, há 21 pistas de pouso, o que acende o alerta para a presença de garimpeiros no local, a maioria delas está a uma distância de 5 quilômetros ou menos de algum garimpo.

