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Na última quinta-feira (7), o Brasil comemorou o Dia do Documentário Nacional, data instituída pela Associação Brasileira de Documentaristas (ABD) em homenagem ao cineasta Olney São Paulo, um dos pioneiros do gênero no país. A celebração visa destacar e valorizar produções nacionais, além de incentivar a reflexão sobre a importância do documentário na história do cinema brasileiro e na formação da sociedade.
Quem foi Olney São Paulo?
Olney São Paulo nasceu em 7 de agosto de 1936, em Riachão do Jacuípe (BA), e faleceu em 15 de fevereiro de 1978, no Rio de Janeiro. Conhecido por transformar histórias nordestinas em telenovelas e contos com estilo cinematográfico, Olney usava uma narrativa linear e o linguajar regional para dar voz à cultura local.
Em 1955, iniciou a produção do curta-metragem Um crime na feira, finalizado entre 1956 e 1957, que foi exibido em clubes do interior da Bahia. Na mesma época, fundou a Sociedade Cultural e Artística de Feira de Santana (SCAFS) e o Teatro de Amadores de Feira de Santana (TAFS). Mesmo com poucos recursos, Olney produziu cerca de 15 obras audiovisuais ao longo da carreira.
Para comemorar esta data, o Portal Miséria reuniu uma lista com cinco documentários brasileiros que estão presentes na lista de Melhores Documentários de Todos os Tempos. Confira:
1. Cabra Marcado Para Morrer (1984)

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Dirigido por Eduardo Coutinho, o filme é uma narrativa semidocumental sobre João Pedro Teixeira, líder camponês da Paraíba assassinado em 1962. A produção foi interrompida em 1964 pela ditadura militar, que prendeu parte da equipe sob a acusação de “comunismo” e dispersou o restante. Após 17 anos, as filmagens foram retomadas com depoimentos dos camponeses que participaram das primeiras gravações e da viúva de João Pedro, Elizabeth Altino Teixeira, que viveu na clandestinidade desde 1964, separada dos filhos.
O longa recebeu diversos prêmios, incluindo o FIPRESCI e o Interfilm no XXXV Festival de Berlim (1985); o Prêmio Coral de Melhor Documentário no VI Festival do Novo Cinema Latino-americano (1984); e o Tucano de Ouro, Prêmio da Crítica, Prêmio OCIC e Prêmio D. Quixote no I FestRio (1984).
2. Jogo de Cena (2007)

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Outra produção de Eduardo Coutinho, Jogo de Cena foi lançado oficialmente no Festival do Rio de 2007. No filme, o cineasta coloca treze mulheres diante da câmera: sete pessoas comuns, três atrizes pouco conhecidas e três atrizes consagradas — Marília Pêra, Fernanda Torres e Andréa Beltrão. Coutinho convida as participantes a compartilharem suas alegrias e tristezas, trazendo à tona suas experiências mais marcantes.
O longa mistura realidade e dramaturgia: personagens reais falam sobre suas vidas, servem de modelo para desafiar as atrizes, que então interpretam essas personagens.
3. Santiago (2007)

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Dirigido por João Moreira Sales, o longa começou a ser filmado em 1992, mas as imagens ficaram guardadas por mais de 13 anos, até que, em 2005, o diretor voltou a observá-las. O documentário retrata Santiago, mordomo que trabalhou por 30 anos para a família de João. Inicialmente um observador, o diretor tornou-se uma peça central da narrativa.
Em novembro de 2015, o filme entrou na lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, elaborada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).
4. Edifício Master (2002)

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Mais uma produção de Eduardo Coutinho, o longa se passa em um antigo edifício tradicional em Copacabana, Rio de Janeiro, com 12 andares, 23 apartamentos por andar e cerca de 500 moradores. Coutinho apresenta a história de 37 deles, extraindo relatos íntimos e pessoais.
A identidade, particularidades e modos de vida dos moradores são retratados através da estrutura física do edifício, com seus misteriosos corredores.
5. Serras da Desordem (2006)

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Do cineasta italiano Andrea Tonacci, produzido no Brasil, o filme narra a trajetória de Carapirú, índio Awá-Guajá cuja tribo foi invadida e massacrada por fazendeiros e madeireiros. Durante 10 anos, ele perambula sozinho pelo Brasil central até ser capturado em 1988, a 2.000 km de distância de onde fugiu. Levado a Brasília pelo sertanista Sydney Ferreira Possuelo, torna-se manchete nacional e centro de polêmica entre antropólogos e linguistas sobre sua origem.
Na busca por suas raízes, reencontra um filho e retorna ao Maranhão, mas encontra uma realidade incompatível com sua vida nômade.

