Outra sessão da Câmara de Juazeiro do Norte, realizada na última terça-feira (12), foi novamente marcada por embates entre parlamentares em torno da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de questões envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na semana anterior, a vereadora Auricélia Bezerra (PSB) já havia criticado o excesso de discussões entre defensores de Bolsonaro e de Lula no plenário. Na abertura dos trabalhos legislativos do segundo semestre, em 5 de agosto, os parlamentares trocaram farpas por mais de 30 minutos, durante uma reunião que se estendeu por quase cinco horas. Na sessão seguinte, em 7 de agosto, Boaz das Rotatórias (PL) apresentou uma moção de apoio a Bolsonaro.

No encontro de 7 de agosto, Auricélia criticou a polarização política e o desvio do foco nos problemas do município. “Fica essa briga aqui, desculpe a expressão que eu vou dizer, porque eu uso, é do meu cotidiano, que eu acho que não vai faltar com respeito com ninguém, estão é viçando aqui com essa história de todo dia ‘Bolsonaro e Lula’. Vamos trabalhar por conta de Juazeiro do Norte, que tem mais futuro, aí ficam botando essas moções pra botar a gente em rabo de foguete”, declarou no dia.

Nesta terça-feira (12), durante seu pronunciamento, e após novas trocas de farpas com Boaz, a vereadora explicou o significado do termo “viçar” e voltou a criticar a repetição do tema na Câmara. “Não tem como a gente ficar, todo final de sessão, com esse lenga-lenga seu, sem trazer nada. Todo mundo já sabe que Bolsonaro está preso em casa. Então por isso que eu disse, ele tá viçando, vai continuar viçando e bom viço pra você”.

O vereador Boaz David rebateu, afirmando que considera importante discutir temas nacionais e que seguirá se posicionando. “Nunca vou parar de viçar, Auricélia, principalmente com a coisa que eu defendo e acredito”. Ele ainda afirmou que cogita mudar seu nome para “Boaz do Bolsonaro”. “O Bolsonaro foi o quarto presidente já preso, mas não foi por corrupção, né”, disse.

Em entrevista à imprensa, o presidente da Casa, Felipe Vasques (Agir), declarou que, pessoalmente, acredita ser necessário priorizar questões locais e os problemas de Juazeiro do Norte, dentro das competências do Legislativo. No entanto, defendeu a diversidade de opiniões no plenário. “De forma alguma acho antinatural ou vejo como recriminar os vereadores que estejam falando para o seu público, até porque a gente também não vive numa ilha, então tudo o que é nacional e estadual acaba impactando no nosso município”, pontuou.