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Caririense de 9 anos conquista vaga no programa Sócios Mirins da Associação dos Engenheiros do ITA (AEITA)
O pequeno prodígio participou de um rigoroso processo seletivo da AEITA, que incluiu a Olimpíada Brasileira de Inovação, Ciência e Tecnologia (OBICT), análise de currículo escolar, envio de vídeo de apresentação e entrevistas.
Bruna Santos
Aprovação no AEITA é considerada pelo pequeno Luiz Rafael como o melhor presente que poderia receber. Foto: Arquivo pessoal / Diana Lima.

Conhecer a imensidão das estrelas, planetas e galáxias é um daqueles sonhos que muitas crianças e adolescentes carregam até a vida adulta. Essa paixão pela astronomia e pela matemática fez com que Luiz Rafael de Meneses, de apenas 9 anos, natural de Barbalha, fosse selecionado entre mais de 1 milhão de inscritos no Brasil para o programa Sócios Mirins da Associação dos Engenheiros do ITA (AEITA).

Com o desejo de se tornar astronauta ou engenheiro aeroespacial, Luiz Rafael já acumula diversas medalhas em olimpíadas nacionais de matemática, física, linguagens e astronomia. Diagnosticado com altas habilidades/superdotação aos 6 anos, o pequeno prodígio participou de um rigoroso processo seletivo da AEITA, que incluiu a Olimpíada Brasileira de Inovação, Ciência e Tecnologia (OBICT), análise de currículo escolar, envio de vídeo de apresentação e entrevistas.

Mesmo durante a fase da entrevista, ele demonstrou bastante desenvoltura e tranquilidade em colocações e explicações. Portanto, o momento que o percebemos com uma maior expectativa em relação à seleção foi exatamente  depois da entrevista, pois haveria a possibilidade de o resultado final ser divulgado exatamente no dia do seu aniversário de 9 anos. Então, isso o empolgou muito. E como ele bem diz:  Esse foi o melhor presente de aniversário que eu poderia ganhar, pois realizei um grande sonho”, disse  Diana Lima, mãe do garoto.

O projeto Sócios Mirins da AEITA seleciona crianças com destaque em áreas relacionadas à ciência, engenharia e inovação, especialmente com afinidade ao setor aeroespacial e tecnológico. Os escolhidos passam a integrar um seleto grupo de jovens brasileiros, com direito a conhecer de perto o polo aeroespacial de São José dos Campos, receber certificado de Sócio Mirim da AEITA e contar com um ano de mentoria acadêmica e profissional.

O pequeno também é reconhecido como Cientista Cidadão após identificar três asteroides pelo Programa Caça Asteroides, do Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com a NASA e o IASC (International Astronomical Search Collaboration).

Foto: Arquivo pessoal / Diana Lima.

Muito além da genialidade

Quando se fala em altas habilidades/superdotação, é comum pensar que todas as pessoas diagnosticadas têm um intelecto acima da média. Porém, a superdotação é um perfil complexo, que envolve habilidades específicas, como o conjunto de altas capacidades cognitivas, criativas e emocionais.

Conforme explica o Neuropsicólogo  Rodrigo Nascimento (CRP 11/15600), “do ponto de vista da  neuropsicologia, a superdotação envolve não apenas um funcionamento intelectual acima da média, mas também habilidades específicas que podem se manifestar em diferentes áreas, sendo elas a acadêmica, a artística, a musical, a psicomotora, criativa ou até socioemocional.”

Entre características que podem estar presentes em indivíduos com altas habilidades estão maior curiosidade, pensamento crítico, rapidez para aprender, alta sensibilidade e, muitas vezes, uma intensidade emocional marcante. “Esse é o conjunto que faz com que a pessoa enxergue e processe o mundo de forma diferenciada”, complementa Rodrigo.

Foi considerando esses pontos que a família de Luiz Rafael buscou suporte especializado. “Depois de uma minuciosa anamnese conosco (pais), análise de relatórios dos médicos que acompanhavam o Luiz, investigação com os professores e a realização de testes psicométricos destinados para esse fim se chegou na identificação das altas habilidades e superdotação e no perfil em que o Luiz se enquadrava, de acordo com as áreas de alto desempenho dele”, comenta Diana.

O diagnóstico foi um alívio para a família, por poder compreender e identificar melhor o comportamento do pequeno.  “Ficamos felizes com a identificação, porque depois dela tudo fez mais sentido: o vocabulário, alguns comportamentos, os questionamentos realizados, a memória notável e a intensidade das emoções do nosso filho eram aspectos que agora poderiam ser compreendidos e trabalhados com maior clareza e objetividade, visto que sabíamos a sua origem”, relatou a mãe.

 

Do infinito ao Cariri

Apesar de seu grande interesse em se aventurar na imensidão do espaço, Luiz Rafael também explora aquilo de melhor que a infância pode lhe proporcionar. Em um momento está buscando desvendar os mistérios dos céus e, no outro, andando de bicicleta, montando cubo mágico, tocando flauta, desenhando, brincando com peças de Lego ou fazendo animações gráficas no tablet.

De acordo com a família, a rotina do jovem talento sempre foi planejada com muita tranquilidade e bom senso.  “Nós tentamos organizar suas atividades de forma a contemplar todas as suas necessidades educacionais e sociais. No período da manhã, ele frequenta a escola e durante à tarde estuda um pouco, faz suas terapias e brinca, de acordo com suas preferências. Luiz tem uma rotina normal para as crianças de sua idade, tentamos deixá-lo bem à vontade com as suas escolhas”, explica Diana.

Luiz Rafael é natural da cidade de Barbalha. Foto: Arquivo pessoal / Diana Lima.

É preciso ampliar o debate

Com a rede de apoio estruturada, Diana se sente mais segura, mas lembra das dificuldades iniciais para encontrar profissionais especializados. Ela defende que o tema seja mais debatido em universidades e na sociedade para garantir suporte adequado às crianças.

Apesar de ter alguns aspectos para serem melhorados no que se referem à inclusão de uma criança superdotação, a escola mostrou-se disposta a ouvir e a fazer algumas mudanças para atender às necessidades do nosso filho. Entre elas, e com a devida orientação da psicóloga e da neuropediatra, foi possível dialogar acerca de o processo de aceleração, garantindo que o seu percurso educacional acontecesse de forma adequada e sem prejuízos, como determina a LDB/96”, explicou ao falar sobre o suporte escolar.

De acordo com Rodrigo, é fundamental lembrar que não basta apenas reconhecer, avaliar e identificar o talento ou a inteligência da criança, sendo necessário garantir  uma estrutura básica de apoio que envolva três grandes dimensões: acadêmica, emocional e social.

No aspecto acadêmico, a criança precisa de estímulos adequados ao seu ritmo. Isso pode significar atividades de enriquecimento curricular, como projetos criativos e o contato com desafios intelectuais que mantêm o interesse e evitem o tédio. Se a escola não acompanha esse ritmo, o risco é que a criança se desmotive ou até apresente queda no desempenho”, alerta.

Além de todo o suporte profissional, a família buscou um ensino mais pertinente às suas necessidades, através do enriquecimento curricular nas áreas do conhecimento que o Luiz Rafael demonstra maior potencial e interesse. 

Esse enriquecimento ocorre através da Amplexo Educação e do Clube de STEAM Nicolinha Kids. Por último, e tão importante quanto os outros pontos aqui destacados, sempre nos dispomos a ouvir, dialogar, orientar e apoiar o nosso filho, deixando claro para ele que sempre há esse espaço seguro de fala e de acolhimento em nossa família para que assim ele não se sinta isolado ou sobrecarregado em nenhuma situação”, diz a mãe.

Ainda, segundo Rodrigo, quando escola, família e rede de apoio “se alinham, o potencial não só floresce, mas também se transforma em bem-estar e qualidade de vida, desde o desenvolvimento infantil até mesmo a fase adulta”, finaliza o neuropsicólogo.

E, se depender da estrutura e do carinho que recebe, Luiz Rafael ainda vai realizar o sonho de ver de perto os astros. “Adequar a nossa rotina de trabalho para acompanhá-lo em algumas atividades que ele curte fazer, como: feiras científicas, grupos de estudo e eventos dentro de sua área de interesse; oferecer o apoio e acolhimento, ajudando-o  a lidar com o gerenciamento de suas emoções e com questões sociais, visto que ele tem um apurado senso de justiça”, conclui a mãe.

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