Compartilhar
Publicidade
Publicidade
Mulher

Izabely Macêdo

Jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA) e Social Media do Site Miséria. Neste espaço, me disponho a falar diretamente com as mulheres.

Mulher

Izabely Macêdo

Jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA) e Social Media do Site Miséria. Neste espaço, me disponho a falar diretamente com as mulheres.

Entender o porquê do Dia da Mulher se faz essencial em tempos de pandemia
Em um século, podemos dizer que passos foram dados em relação ao passado, mas a realidade é que mulheres ainda vivem assombradas por machismos, desigualdades, violências - e agora uma pandemia - que retardam a efetivação da cidadania feminina.
8M Cariri
Ato do 8M no Cariri Foto: Bento Caetano/Revista Bárbaras

Ao contrário do que muitos pensam, o dia 8 de março não tem conotação mercadológica ou comemorativa. É um marco histórico que simboliza as várias lutas, iniciadas por mulheres de diversos países logo no início do século 20. Nos Estados Unidos e em lugares da Europa, milhares de mulheres foram às ruas em protestos por direito ao voto, melhores condições de trabalho e também contra a fome e a guerra. Um século depois, podemos dizer que passos foram dados em relação ao passado, mas a realidade é que mulheres ainda vivem assombradas por machismos, desigualdades, violências – e agora uma pandemia – que retardam a efetivação da cidadania feminina.

O Brasil, ocupante do 5º lugar em ranking global de feminicídio, vê o número de casos de violência doméstica crescer durante a pandemia considerando o isolamento domiciliar da vítima com o agressor. Neste domingo (7) o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos anunciou que foram registradas 105.821 denúncias de violência contra a mulher nos canais do Ligue 180 e do Disque 100 em 2020. Só no Ceará, no ano passado foram 26 mulheres mortas por crime de ódio, sendo a maioria no interior do estado.

Com a crise sanitária, a participação feminina no mercado de trabalho caiu ao menor nível em 30 anos no Brasil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres representaram 46,3% da força de trabalho no segundo trimestre de 2020. Desde 1991 o número não caía abaixo de 50%. Em contrapartida, 45% dos domicílios brasileiros são chefiados por mulheres, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os dados apontam para uma sobrecarga de responsabilidade sobre mulheres, estejam elas empregadas ou não. 

Em outro ponto, as chefes de família que trabalham de casa no confinamento, vivenciam a exaustão da jornada contínua e fazem um malabarismo entre serviços domésticos, cuidado com os filhos (certamente em aulas remotas) e a produtividade no emprego. Antes da pandemia, mulheres gastavam em média o dobro de horas semanais que homens em atividades de cuidado com pessoas e com a casa. Respectivamente 21,3 e 10,9 horas, de acordo com o IBGE. A tendência é que esse desequilíbrio tenha sido aprofundado durante a pandemia. 

Muitas pessoas devem receber esses dados, interpretar como vitimismo, ou pensar ser desnecessário associá-los ao Dia Internacional da Mulher. A realidade é que nenhuma mulher puxa do bolso números oficiais para argumentar e se defender quando se vê encurralada em mais uma situação de opressão. Ela é o próprio dado e cada uma carrega consigo o peso de historicamente vivenciá-lo. E é para a existência persistente dessas realidades problemáticas que as atenções devem ser voltadas e jamais normalizar ou minimizar violências. 

8M NO CARIRI

Tradicionalmente marcado por atos em protesto no Cariri, a programação do 8M deste ano será adaptada por conta do agravamento da Covid-19 no país. As mulheres do movimento encabeçam campanha de arrecadação de insumos para famílias em vulnerabilidade social. As doações podem ser feitas em pontos físicos e formas virtuais. O movimento 8M Cariri fará mobilizações pelas redes sociais ao longo do dia e atos simbólicos como hasteamento de outdoors e faixas com reivindicações em pontos estratégicos das cidades do Crajubar. 

Pontos de coleta:

Barbalha
Escola de Saberes, localizada na rua Senador Alencar, 368, centro da cidade.

Crato
Rua Coronel Secundo, 287, Centro.

Juazeiro do Norte
Doutor Francisco Monteiro, 447, bairro Triângulo.

MARÇO NO MISÉRIA

Ao longo deste mês, o Miséria trará reportagens, perfis e entrevistas com mulheres reais que constroem a região do Cariri com suas pluralidades de visões, particularidades e experiências de vida. Os materiais serão postados sempre aos domingos a partir do dia 14. Acompanhe.

Compartilhar
Loading spinner
Avalie esta notícia
Comentar
+ de Izabely Macêdo
Publicidade