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Falar sobre suicídio não deve ser entendido como promovê-lo
Conheça os sinais e supere os tabus
Foto: Ilustrativa

A temática do suicídio é tão incômoda aos nossos ouvidos, tão perturbadora que, ao falarmos sobre, aparecem inúmeros sentimentos contraditórios. O Setembro Amarelo é a união de esforços para aproximar a sociedade da mensagem maior sobre o tema: a prevenção, o acalentar, o abraço, o cuidado consigo e com o outro.

Muitas pessoas acreditam que ao falar sobre suicídio, o número de casos aumenta, como se fosse um estímulo. É preciso dizer que até então não há nada que comprove essa repercussão negativa quando o cunho da mensagem é informativa. Ao contrário de quando o tema é abordado com morbidez, que realmente traz impacto negativo. Mas, o que é o suicídio, quais os sintomas e estigmas que precisamos superar?

O que é

O suicídio pode ser definido como um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio que ele acredita ser letal. 

De acordo com boletim epidemiológico emitido pelo Ministério da Saúde em 2021: “entre 2010 e 2019, ocorreram no Brasil 112.230 mortes por suicídio, com um aumento de 43% no número anual de mortes, de 9.454 em 2010, para 13.523 em 2019. Análise das taxas de mortalidade ajustadas no período demonstrou aumento do risco de morte por suicídio em todas as regiões do Brasil.”. 

O suicídio é um comportamento com determinantes multifatoriais e resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais. Deve ser considerado como o desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo, não podendo ser considerado de forma causal e simplista apenas a determinados acontecimentos pontuais da vida do sujeito.

Sinais

Sentimentos de desesperança, desamparo e desespero são fortemente associados ao suicídio. É preciso estar atento, pois a desesperança pode persistir mesmo após a remissão de outros sintomas depressivos. Impulsividade, principalmente entre jovens e adolescentes, figura como importante fator de risco. A combinação de impulsividade, desesperança e abuso de substâncias pode ser particularmente letal. 

O suicídio em jovens aumentou em todo o mundo nas últimas décadas e também no Brasil, representando a terceira principal causa de morte nessa faixa etária no país. Os comportamentos suicidas entre jovens e adolescentes envolvem motivações complexas, incluindo humor depressivo, abuso de substâncias, problemas emocionais, familiares e sociais, história familiar de transtorno psiquiátrico, rejeição familiar, negligência, além de abuso físico e sexual na infância.

Os óbitos por suicídio são em torno de três vezes maiores entre os homens do que entre mulheres. Inversamente, as tentativas de suicídio são, em média, três vezes mais frequentes entre as mulheres. Papéis masculinos tendem a estar associados a maiores níveis de força, independência e comportamentos de risco. O reforço a esse papel de gênero muitas vezes impede os homens de procurar ajuda para os sentimentos suicidas e depressivos.

Estigmas

Diversos fatores podem impedir a detecção precoce e, consequentemente, a prevenção do suicídio. O estigma e o tabu relacionados ao assunto são aspectos importantes. Durante séculos de nossa história, por razões religiosas, morais e culturais, o suicídio foi considerado um grande “pecado”, talvez o pior deles. Por essa razão, ainda temos medo e vergonha de falar abertamente sobre esse importante problema de saúde pública.

Os mitos mais comuns sobre o suicídio são os que se seguem: 

  • suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre arbítrio; 
  • quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida;
  • as pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção; 
  • se uma pessoa que se sentia deprimida e pensava em suicidar-se, em um momento seguinte passa a se sentir melhor, isso significa que o problema já passou; 
  • quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive à uma tentativa de suicídio, está fora de perigo; 
  • não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco; 
  • é proibido que a mídia aborde o tema suicídio. 

Orientações

Esse artigo inteiro é uma orientação de um novo olhar sobre os sofrimentos humanos que resultam no suicídio. Para amigos e familiares que são rede de apoio de alguém, tenha sempre em mente que a empatia é o principal condutor dessas situações. Para quem está passando na pele com sofrimentos mentais, saiba que você não está só. Busque um profissional da saúde mental e aceite o tratamento. 

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