Compartilhar
Publicidade
Publicidade
O que somos perante um vírus?

Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, necessitam de um organismo vivo para se perpetuar. E nós, seres tão evoluídos, complexos, cheios de expertises, orgulhosos pela nossa posição no universo, estamos alarmados, desesperados, ruindo em um apocalipse anunciado por uma praga viral que vem arrebatando do oriente ao ocidente, sem respeitar qualquer discurso econômico, social ou cultural. Bastou um vírus em sua pequenez para colocar em questão a grandiosidade do humano.

O novo coronavírus nos defronta com características narcísicas tão próprias da realidade pós-moderna.

A covid-19 (doença ocasionada pelo coronavírus) veio para publicar sem censura a história de nosso tempo. O individualismo começa a enxergar a necessidade da contribuição de cada um. Eis o tendão de Aquiles da pandemia.

Quanta ironia! Eu, isolado, precisando do isolamento e dos cuidados de tantos outros. Não adianta mais estar “nem aí” para atitude de quem mora na China, na Itália, na França ou nos EUA. O calo da globalização começa a inflamar, colocar à prova comportamentos que os meios de produção tanto incentivaram. “Eu quero, eu faço, eu possuo”. Não, amigo! A sua produtividade é obstruída por um pequeno microorganismo que veio de longe e o seu querer de nada vale sem o querer de quem está separado de você por um oceano.

Não adianta mais se prender a um celular, blindar-se atrás de vidros ou de muralhas. O mundo agora te atinge e te coloca em pânico através de gotículas de saliva depois de uma tão sonhada viagem ou apenas cumprimentando um conhecido que andou por aí.

Estamos entre o risco que não pode ser desdenhado e o desespero que não deve tomar as rédeas da situação. Minimizar é se expor e trazer o caos para saúde pública, maximizar é adoecer mentalmente. Não podemos somente sair do sufoco infectocontagioso, é importante também manter o equilíbrio psíquico.

A rotina que acontecia sem o olhar pro lado e me convencia de uma autonomia aparentemente inquestionável, exige agora um abraço fraterno ainda que sem tocar o outro.

Como somos frágeis. Como somos simples em nossa complexidade. É de se pensar que perante um vírus somos quase nada. É de se orgulhar saber que podemos muito se não estivermos sozinhos.

 

Dr. Thiago Macedo – Psiquiatra (Cremec:12661 / RQE: 7978)

Bacharelado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará

Residência em Psiquiatria pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia – Hospital Juliano Moreira

Contato: (88) 98116-1998/ 99942-1999

thiagomacedo.psiquiatra@gmail.com

Compartilhar
Loading spinner
Avalie esta notícia
Comentar
+ de Dr. Thiago Macedo
Publicidade