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O setembro amarelo é o tom para o ano inteiro

Usar novamente esse espaço para falar sobre a finitude foi uma maneira que encontrei para valorizar a vida, por mais difícil que ela seja, especialmente por adentrarmos no mês de setembro que é dedicado às campanhas de prevenção ao suicídio.

Existem inúmeras temáticas sem explicações concretas ou científicas, por assim dizer. Uma delas é a morte. E quantas vezes pensamos sobre a morte ao longo da vida? Impossível mensurar.

Quando entramos nessa celeuma, muitos levarão pro sentido espiritual, justificados pela fé, outros serão mais mórbidos, alguns mais filosóficos. Porém, uma coisa podemos afirmar, a morte é a não permanência da matéria, é o deixar de ser que terá o seu momento. No mais, além da vida, de certo temos a incerteza.

Quando envolvidos por uma dinâmica de experiências sofridas, tomados pelo desespero de não encontrar sentido ou significado que amenize tantas dores, alguns encontram na morte a resolução, porém, em segundos de impulsividade ou de insanidade, esquecem que do outro lado não há definição, boa ou ruim, não há convicção de materialização do prazer ou de negação do desprazer.

Enquanto a morte nos limita ao fim do presente e à impossibilidade do futuro, a vida é um agora inquietante ou de satisfação, mas real, tangível e passível de mudança. Estar aqui é fazer recortes diversos, colagens organizadas ou em mosaico, escrever e apagar quantas vezes se fizer necessário.

Falar sobre a valorização da vida, sobre as redes de apoio, sobre o encontrar-se consigo nos vazios que somos lançados pela existência é abraçar o propósito pelo qual aqui estamos. E qual o seu propósito? Qual o meu propósito?

A gente não nasce sabendo viver, não vem ao mundo com nada pronto, não compreende de antemão as relações que vão se construindo e se desfazendo pelo caminho. Parafraseando Jean-Paul Sartre, a nossa essência será programada ou reprogramada depois da existência. É estar aqui e fazer história.

Logicamente, não podemos deixar de citar as inúmeras doenças mentais que colocam em risco a nossa vida, sendo o comportamento suicida um agravamento dessas. As taxas de suicídio crescem anualmente de forma assustadora. E me pergunto, como sociedade e dentro das políticas públicas de saúde, aonde estamos errando?

O suicídio é um comportamento com determinantes multifatoriais e resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais. Deve ser considerado como o desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo, não podendo ser considerado de forma causal e simplista, vinculado apenas a determinados acontecimentos pontuais da vida do sujeito.

A morte, o suicídio, as questões de uma vida demasiadamente angustiante não são temáticas somente do setembro amarelo, mas deve ser o tom de janeiro à dezembro se misturando com tantas outras cores, fazendo da vida um aprendizado para se viver.

 

Dr. Thiago Macedo – Psiquiatra (Cremec:12661 / RQE: 7978)

Bacharelado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará

Residência em Psiquiatria pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia – Hospital Juliano Moreira

Contato: (88) 98116-1998/ 99942-1999

thiagomacedo.psiquiatra@gmail.com

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