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Os mitos carecem ser desfeitos!

Bem que poderia usar esse título para falar dos políticos brasileiros, mas o objetivo é um pouco menos ousado. Venho aqui para falar da máxima “medicações psiquiátricas causam dependência”.

Não é bem assim. Para ir direto ao ponto, medicações “tarja-preta” de fato têm potencial para causar dependência. O detalhe que muita gente não sabe ou não percebe é que a maioria das medicações psiquiátricas não é tarja-preta, mas tarja-vermelha. Carregam o depreciativo rótulo de medicações “controladas”, mesmo não exercendo controle ou modificando a personalidade de ninguém. São controlados pela necessidade de prescrição médica, assim como os antibióticos. Isso mesmo, antibiótico é medicação controlada. A questão é que até nisso o jeitinho brasileiro se exibe. Conhecemos o balconista da farmácia e compramos sem receita o que precisa do rigor prescritivo e do acompanhamento médico.

As medicações tarja-preta são utilizadas pelos psiquiatras como paliativas e não como tratamento de longo prazo, dada sua grande potência e eficácia em sintomas agudos. Portanto, o psiquiatra deve saber a hora de iniciar e de interromper, para não expor o paciente ao risco de dependência. Além disso, é comum a prescrição dessas medicações por outros especialistas, principalmente com o objetivo de aliviar o sofrimento exposto, mas essa conduta não deve ser abraçada como definitiva. Procure um psiquiatra bem referenciado e com registro de especialidade para reavaliar o uso e redefinir a estratégia de tratamento.

O que caracteriza dependência a uma determinada substância?

O CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) lista os seguintes pontos: forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância; dificuldade em controlar o comportamento de consumo; sintomas de abstinência com a interrupção ou redução do uso; evidência de tolerância (quando doses crescentes são necessárias para alcançar os mesmos efeitos anteriores); abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso; períodos de tempo cada vez mais prolongados para obter, fazer uso da substância ou para se recuperar de seus efeitos; persistência no uso, mesmo compreendendo que é nocivo.

Então, porque muita gente precisa utilizar tarja-vermelha pro resto da vida se apenas os tarja-preta viciam? Algumas hipóteses são: 1. Diagnóstico equivocado, precisando ser revisto; 2. Interrupção precoce da medicação; 3. Tratamento com subdoses (doses insuficientes); 4. Quadros crônicos (assim como doenças clínicas tipo hipertensão e diabetes).

O que quero deixar registrado é que os tarja-preta carecem de maior cuidado, mas podem ser fortes aliados no tratamento e não sentenciam ninguém à dependência. É preciso estar em acompanhamento especializado para usá-los, minimizando esse risco. Muitos mitos se fortalecem quando disseminamos conceitos sem qualquer conhecimento a fundo de determinadas temáticas. Fique atento!

Dr. Thiago Macedo – Psiquiatra (Cremec:12661 / RQE: 7978)
Bacharelado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará
Residência em Psiquiatria pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia – Hospital Juliano Moreira
Contato: (88) 98116-1998/ 99942-1999

thiagomacedo.psiquiatra@gmail.com

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