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Viver é uma arte, entristecer faz parte

Há quem venda “fórmula para felicidade”. Eis aí um comércio repleto de clientes ávidos por esse produto. O sucesso em determinadas áreas virou sinônimo de felicidade e somos bombardeados por livros, por profissionais que se dizem especialistas nisso. As mídias sociais também fazem a sua parte, nos metralhando diariamente com uma falsa certeza de plenitude afetiva. São tantos sorrisos clareados (quase neon) estampados, cenários paradisíacos, corpos esculturais e faces harmonizadas, que tudo parece nos esbofetear e jogar em nossa cara o quanto todos estão felizes, enquanto somente eu não.

Parece piada, mas a coisa é muito séria. Há inclusive estudos que orientam pessoas com alguns transtornos ansiosos e depressivos diminuírem o uso de redes como Instagram e Facebook, mas a questão vai muito além. Somos seres desejantes por natureza e a falta que há em nós é desafio perpétuo. Vivemos nessa troca de satisfação, mas o problema é que essa troca tem sido cada vez mais rápida, sendo assim, as chances de frustração, de decepção, aumentam e a tristeza se faz mais presente.

A alegria é algo pontual, delimitada por momentos. Já pensou que tédio deprimente seria a sensação de alegria constante? A espécie humana sequer teria evoluído tanto, pois a satisfação plena nos deixaria inertes perante a vida.

A felicidade é ligada às emoções e as emoções são extremamente pessoais, cada um acaba conferindo sua própria tradução. Não devemos confundir. Podemos ser felizes sem necessariamente estarmos alegres, pois a alegria é um pico, é êxtase momentâneo.

É rotina em consultório a busca por medicações que tratem a tristeza, a insatisfação, me atreveria em dizer, que tratem a falta de felicidade.

Não! Não medicamos tristeza. O que é passível de tratamento medicamentoso se chama depressão. A tristeza é um sentimento momentâneo, considerado saudável e até importante como mecanismo psíquico adaptativo. Ajuda na elaboração das perdas ou dos sofrimentos ocasionais. Caso a tristeza não passe e comecem a surgir sentimentos de apatia, indiferença, desesperança, falta de perspectivas ou prazer pela vida, prejuízo da concentração, do sono, da libido ou alterações do apetite, saiba que essas caraterísticas podem necessitar de uma intervenção médica.

Depressão não é somente um estado de tristeza profunda, nem só desânimo, preguiça, estresse ou mau humor. A depressão, enquanto evento psiquiátrico é algo bastante diferente: é uma doença como outra qualquer que exige tratamento. Entristecer é algo diário e faz parte do nosso crescimento pessoal.

Dr. Thiago Macedo – Psiquiatra (Cremec:12661 / RQE: 7978)
Bacharelado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará
Residência em Psiquiatria pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia – Hospital Juliano Moreira
Contato: (88) 98106-1996/ 99942-1999
[email protected]

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