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Mulher

Izabely Macêdo

Jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA) e Social Media do Site Miséria. Neste espaço, me disponho a falar diretamente com as mulheres.

Mulher

Izabely Macêdo

Jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA) e Social Media do Site Miséria. Neste espaço, me disponho a falar diretamente com as mulheres.

Qual a relação entre o HIV, o Mito e o Coronavírus?
Além das fake-news, há o surto proveniente da irresponsável hiper-masculinidade.

Homens são invencíveis. Impetuosos, não se abalam com “gripezinha”, muito menos “resfriadinho”. Lavar as mãos constantemente deixa a pele fina e homem tem a mão grossa que faz um tapa ser mais pesado.  Não se protegem e não são responsabilizados pelas consequências. 

A responsabilidade da disseminação da Aids/HIV no fim do século XX  foi posta nas costas de determinados grupos. A comunidade gay, onde o vírus do HIV se alastrou rapidamente no início da epidemia, foi apontada pelos moralistas como amaldiçoada, castigada por Deus. Como se só quem transasse fossem os homens gays. O castigo da Aids logo chegou aos lares héteros, em mulheres de corpos tão domesticados que jamais viveriam na libidinagem. Quem contaminou essas mulheres? Uma simples camisinha é a forma mais eficaz para não transmitir doenças sexuais. Mas ela incomoda muito aos homens, que, além de infiéis, possuem desejos tão desviantes para a masculinidade que jamais os assumirão. 

Com os novos hábitos comportamentais que todos temos para seguir e conter a pandemia do novo Coronavírus, inúmeras mulheres se queixam dos maridos e filhos que se negam a cumprir o isolamento social. De que adianta, dentro de uma casa, um seguir a regra e os outros não? Em relação a Aids, o Coronavírus é transmitido por contatos inversamente mais invasivos. O vírus não está na secreção íntima, está na roupa, na mesa, nas mãos. Os homens no mais alto posto da macheza, consideram uma tolice. Com essa ideia, são desonestos e infiéis duplamente. Sobretudo, demonstram enorme desconhecimento das próprias limitações e fragilidades. 

Nascem mais homens nas Américas do que mulheres. Os dados do relatório elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, mostram que a partir dos 10 anos de idade meninos morrem mais do que meninas e aos 15 a fatalidade se acentua. Isso se deve à “masculinidade tóxica”. É quando começam a predominar condutas de risco que causam mortes como homicídios, acidentes, suicídio e por doenças crônicas. Segundo o relatório, essa forma de ser homem fará com que 1 a cada 5 morra antes de completar 50 anos. Comportamento danoso para a saúde coletiva e limitante quanto às responsabilidades. Eles também não compartilham das atribuições domésticas e familiares que vão além de colocar comida na mesa. 

 

A exclusividade de lidar com emoções e ser vulnerável que foi imputada historicamente às mulheres é um fardo. Se os homens reprimem a própria natureza humana que perpassa pela fragilidade, esse peso vai sobrecarregar alguém. Homens precisam romper com o mito de que são eles a própria lei e parar de se espelhar em presidente que desdenha de doença grave e reduz dignidade ao custo.

 

A exclusividade de lidar com emoções e ser vulnerável que foi imputada historicamente às mulheres é um fardo. Se os homens reprimem a própria natureza humana que perpassa pela fragilidade, esse peso vai sobrecarregar alguém. Homens precisam romper com o mito de que são eles a própria lei e parar de se espelhar em presidente que desdenha de doença grave e reduz dignidade ao custo (como já fez com os portadores de HIV). O presidente diz que temos que enfrentar o coronavírus como “homem”. Queria eu perguntá-lo: o homem que joga a responsabilidade pros outros, ou o que leva o vírus para dentro de casa? 

 

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Miséria.

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