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Meio Ambiente

Yanne Vieira

Yanne Vieira é jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Possui pesquisas desenvolvidas nas áreas de Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente e Ciência, com foco no território do Geopark Araripe. Desde outubro de 2021, jornalista do Site Miséria.

Meio Ambiente

Yanne Vieira

Yanne Vieira é jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Possui pesquisas desenvolvidas nas áreas de Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente e Ciência, com foco no território do Geopark Araripe. Desde outubro de 2021, jornalista do Site Miséria.

Até viver um dia de cada vez se tornou angustiante, mas é pela esperança que escrevo
Foto: Tania Rego/ Agência Brasil

Ainda venho tentando digerir o assassinato do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. O assunto, o cenário, as causas tem tantas camadas que pairam entre a existência por si só e a dor por existir. Depois de Chico Mendes e Dorothy Stang o que mudou foi apenas o meio de repercussão dos casos. Não é fácil digerir os ataques infundados enquanto imprensa e enquanto defensor do meio ambiente, quando se é os dois, o calo se rompe dentro do sapato novo.

Passei quase 3 semanas tentando escrever uma nova análise, ou um artigo de opinião sobre as emissões de gases poluentes, mas o sentimento de angústia me fez ter um bloqueio e paralisar. É difícil não se frustrar com tudo que acontece, as notícias, as telas, as redes sociais e as ações humanas, tudo é injetado rapidamente e sem tempo para compreender os porquês. É difícil ir ao supermercado e não imaginar como deve estar sendo para pessoas que vivem com o mínimo que, hoje, não compra nem o básico. Uma crise acaba engolindo a outra.

Enquanto me atento às urgências do factual, o preço da gasolina dispara, o transporte público está lotado, mais pessoas estão nas ruas, o comércio local tenta sobreviver, e as pessoas tentam adoecer menos.

Nós, comunicadores, continuamos aqui, entrando e saindo de muitas crises e atingindo cada vez mais um novo limite de esgotamento mental. Às vezes tenho a sensação de que é o preço que se paga pela profissão, e que escolher fazer disso uma forma de esperança é necessário, mesmo que ainda seja doloroso.

Penso na catástrofe que é a crise climática e em como ela se ramifica e atinge todas as camadas da sociedade, mas que primeiro vai vulnerabilizar mulheres, negros, indígenas e pessoas pobres. Do ‘lado de cá’, me reviro e repenso em formas de continuar lidando com todo esse cenário mas fazendo da vulnerabilidade uma aliada para mostrar que, ainda, somos humanos.

 

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