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Meio Ambiente

Yanne Vieira

Yanne Vieira é jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Possui pesquisas desenvolvidas nas áreas de Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente e Ciência, com foco no território do Geopark Araripe. Desde outubro de 2021, jornalista do Site Miséria.

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Yanne Vieira

Yanne Vieira é jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Possui pesquisas desenvolvidas nas áreas de Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente e Ciência, com foco no território do Geopark Araripe. Desde outubro de 2021, jornalista do Site Miséria.

Emergência climática: Izolda Cela vai considerar o alerta final de cientistas?
Os combustíveis fósseis devem ser efetivamente eliminados para que o mundo permaneça dentro de 1,5°C; Ceará possui dois grandes projetos em andamento que põe em cheque a crise climática
Foto: Carlos Gibaja

É agora ou nunca se o mundo quiser evitar um desastre climático, é o que apontam os mais de 270 autores, de 65 países, no terceiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado nesta segunda-feira (4).

O “alerta final” para os governos é resultado de estudos atualizados, incluindo as consequências da guerra na Ucrânia e o aumento nos preços da energia, o que fez com que países considerassem o uso de combustíveis fósseis, colocando a meta estabelecida fora de alcance.

O mundo tem apenas uma pequena chance de conseguir limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, e está ficando para trás em realizar as mudanças necessárias para transformar a economia global em uma base de baixo carbono.

Em vídeo, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que alguns governos e empresas estão “mentindo” ao afirmar que estão a caminho de 1,5°C, “alguns líderes governamentais e empresariais estão dizendo uma coisa – mas fazendo outra. Simplificando, eles estão mentindo. E os resultados serão catastróficos”, alegou.

Na 26ª Conferência do Clima (COP26) realizada em Glasgow, na Escócia, o então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), esteve presente e anunciou o compromisso com as metas climáticas. Na ocasião, ele reforçou os investimentos do governo no primeiro HUB de hidrogênio verde do país. Até aí tudo bem.

Foi então que o Ceará decidiu investir em dois projetos que colocam em cheque a crise climática.

No mesmo ano, o consórcio Portocém sagrou-se vencedor no leilão para implantação de uma usina termelétrica a gás natural na Zona de Processamento de Exportação (ZPE Ceará) do Complexo do Pecém. Com investimento de R$ 5 bilhões, o projeto tem previsão de início de operação em julho de 2026, 4 anos antes da meta global de redução em 50% das emissões de gases de efeito estufa.

Também no ano de 2021, uma ordem de serviço foi assinada pelo governador para implantação da maior usina de dessalinização de água marinha do Brasil, em Fortaleza. Com previsão de conclusão para 2025 o custo desse processo, além dos R$3 bilhões investidos, é o consumo de muita energia e o uso dos combustíveis fósseis, além da salmoura tóxica produzida que polui ecossistemas costeiros.

Os combustíveis fósseis devem ser efetivamente eliminados para que o mundo permaneça dentro de 1,5°C, como aponta o IPCC. O custo da maioria das principais tecnologias necessárias para manter a meta despencou nos últimos anos chegando a 85% para energia renovável.

Mesmo com o grande potencial energético solar e eólico, o Ceará ousou apostar em combustíveis fósseis. A Ceiba Energy, empresa que lidera o consórcio da usina a gás, caracteriza a operação como de baixo teor de carbono, mas é o suficiente?

Além da continuação do HUB de hidrogênio verde, o Ceará deve atentar-se para as consequências da crise climática já vivenciada com o grande volume de chuvas em curtos períodos de tempo e relembrar, também, que é uma das regiões mais vulneráveis a esses impactos.

Agora no comando da primeira mulher governadora os investimentos em energias renováveis e limpas, além do projeto de reflorestamento do Ceará, devem seguir nas mãos de Izolda Cela que já afirmou manter o alinhamento e fazer um governo de continuidade.

Com a maioria dos projetos voltados para educação, espera-se que Izolda tenha pulso e sensibilidade para dar continuidade às metas climáticas globais e que, reavalie o investimento do Ceará em combustíveis fósseis.

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