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Meio Ambiente

Yanne Vieira

Yanne Vieira é jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Possui pesquisas desenvolvidas nas áreas de Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente e Ciência, com foco no território do Geopark Araripe. Desde outubro de 2021, jornalista do Site Miséria.

Meio Ambiente

Yanne Vieira

Yanne Vieira é jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Possui pesquisas desenvolvidas nas áreas de Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente e Ciência, com foco no território do Geopark Araripe. Desde outubro de 2021, jornalista do Site Miséria.

O agronegócio e o mito do progresso em meio a crise climática
O grande setor reproduz a prática colonialista que continua saqueando, agora de forma inversa, os países mais pobres
Agronegócio
Foto: Agência Brasil

Seguindo o roteiro anunciado pelos cientistas, a crise climática tem se instaurado em uma velocidade alarmante. Já não bastasse as consequências das fortes chuvas em curtos períodos de tempo, a seca e estiagem antecipada, o negacionismo aparece comprando uma briga fictícia recheada de fake news e argumentos duvidosos sobre crescimento e geração de empregos.

Não é novidade que o agronegócio é responsável pela maior parte das emissões de carbono na atmosfera, como aponta o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Aliado forte do desmatamento, o setor também é responsável por 97,4% do consumo total de água no país, como revela ainda em 2017, um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

A conta não fecha

Na última semana, o Dia Mundial da Água foi marcado pela presença de matérias publicitárias enfatizando a importância da substância para o ser humano. Apesar de mais de 35 milhões de brasileiros não terem acesso à água tratada e 100 milhões não terem coleta de esgoto, como apontam os dados do Trata Brasil, a maioria das campanhas impõe a responsabilidade do consumo consciente no cidadão como indivíduo.

Por trás da “comida”

Os processos de produção de alimentos de origem animal escondem os números da quantidade exorbitante de água consumida. Para produzir um quilo de carne vermelha, são necessários 17.000 litros de água. Na produção da mesma quantidade para carne suína, são gastos 6.000 litros, já para o frango, o consumo é de 3.700 litros de água.

Para o maior “responsável pelo PIB do país” é muito mais fácil atribuir as consequências da crise climática à população. A falsa ideia de progresso a partir do desmate de ambientes naturais, como é o caso da Amazônia, nada mais é do que a continuação de uma prática colonialista que continua saqueando, agora de forma inversa, os países mais pobres.

Inserir palavras como “bio”, “eco”, “verde” nas embalagens de produtos não garante uma procedência livre de danos ambientais, ainda mais quando, em apenas 3 anos, mais de 1.500 novos agrotóxicos foram liberados no Brasil, inclusive aqueles que são proibidos em outros países.

O fato é que o setor deve continuar usando o argumento de geração de economia como o maior aliado, e mais, ousar responder que quem é contra o agronegócio está sendo contra o trabalhador rural.

O mais alarmante é que desde 2019, palestras ao redor do Brasil são financiadas e promovidas por negacionistas do clima, em posse de zero argumentos científicos, mesmo quando o outro lado, que defende um meio sustentável garantido pela constituição, tenta provar o contrário.

Soluções (?) 

O agro não é pop. Mas primeiro é preciso falar de políticas sociais para quem realmente importa, o trabalhador do campo. Com o Brasil incidindo cada vez mais no mapa da fome, ainda falta o básico.

É o homem e a mulher do campo que representam de fato o agro. Mais de 70% dos alimentos que consumimos vem desse tipo de atividade que é negligenciada e vive às margens de trabalho análogo a escravidão em grandes fazendas, e reféns das consequências dos agrotóxicos das grandes plantações.

A Organização das Nações Unidas (ONU) já declarou em relatório que é possível sim, produzir alimentos em larga escala a partir da agroecologia, sem o uso de agrotóxicos e com respeito ao meio ambiente.

Os cientistas já apontam que mudanças como essas, serão a chave para o futuro do planeta. Apesar da necessidade evidente de ações públicas, enquanto indivíduos, podemos gerar o conhecimento principalmente sobre o que consumimos e o que está por trás do processo.

E resta àqueles que podem escolher o que comer, optar por alimentos e produtos de quem realmente está plantando e colhendo debaixo do sol para colocar comida na mesa.

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