Compartilhar
publicidade
publicidade
AUcadêmicos: cachorros da UFCA ‘colam grau’ junto com estudantes
O momento foi pensado pelo projeto UFCão e, além de deixar imagens que enchem os olhos de fofura, teve o objetivo de chamar atenção para o crime de abandono de animais.
Bruna Santos
Cadela "Cachorra", fotografa em frente ao painel dos formandos na UFCA.
Cadela "Cachorra", fotografada em frente ao painel dos formandos. Foto: Espedito Duarte.

Estudantes assíduos e atentos, que acompanham aulas de diversos cursos ofertados na Universidade Federal do Cariri (UFCA), os cães assistidos pelo projeto voluntário UFCão também “colaram grau” ao lado dos universitários. Os “AUlunos” Cachorra, Chilito e Ben Jor vestiram a mini beca. O momento foi registrado e compartilhado pelo perfil oficial da instituição.

As fotos encantaram o público interno e externo, que além de elogiar a beleza dos “formandos”, também mencionou a rotina acadêmica “cansativa” dos animais. “E do tanto que participam dos eventos devem ter tido horas complementares sobrando”, brincou uma internauta.

Porém, a “primeira colação de grau” de um animal na UFCA ocorreu antes, durante a formatura de Fernanda Teixeira, idealizadora do UFCão. Devido à dedicação ao projeto, criado em 2016, a ativista levou mais tempo para concluir o curso e chegou a receber um comunicado da universidade informando que poderia ser jubilada.

Naquele mesmo ano, decidiu que a cadela Valente, que chegou ao campus Juazeiro do Norte também em 2016, seria sua madrinha de formatura.Ela entrou comigo, subiu, recebeu o canudo, que também foi uma forma que eu utilizei para chamar a atenção para essa problemática dos animais abandonados”, explicou em entrevista ao Portal Miséria/M1.

Para a ocasião, Fernanda encomendou uma beca, a mesma utilizada agora nos novos “formandos”. Neste ano, durante a semana de encerramento das aulas, ela decidiu repetir a ação.

 “Vou aproveitar porque estamos no dezembro verde, então a gente aproveita e chama a atenção. Apesar de serem cães que estão ali na universidade, que são formados, que assistem aulas, que entram praticamente todos os eventos, mas eles mesmo assim ainda são animais em condição de rua.”, afirmou.

 

Ben Jor à esquerda, e Chilito à direita. Foto: Espedito Duarte.

Os “AUlunos”

Assim como os humanos, cada cachorro possui uma personalidade própria. Segundo Fernanda, há os mais tranquilos, os mais agitados, aqueles que dormem demais e nem chegaram a participar das fotos. Alguns são mais reclusos e não se animaram muito para levantar e posar diante do painel.

O Ben Jor, que é um dos cachorros que está na foto, ele é muito danado, muito agitado, e aí eu achei que ele fosse até dar trabalho para tirar foto, mas ele ficou tão comportadinho quando eu botei a beca, que até o pessoal brincou: ‘o Benjor deve dar trabalho para vestir a roupa’, mas pelo contrário, ele ficou meio parado, mas foi uma graça”, relatou a voluntária.

Além dos já mencionados, também participaram do momento Baleia, Clara Nunes e Valente. “Mas foi uma graça, cada uma é uma personalidade que você fica assim: ‘só falta falar’, como se diz”, completou Fernanda.

UFCão

Atualmente, o projeto assiste 17 animais no campus de Juazeiro do Norte e outros 11 no Crato. A iniciativa é mantida exclusivamente por doações de apoiadores, que contribuem com ração, medicamentos e custeio de consultas veterinárias. O objetivo é garantir dignidade aos animais abandonados nos campi.

Quando eu cheguei lá, eu percebi que os animais estavam precisando de assistência. Eles não falam, eles não tem voz, mas eles têm necessidades que precisam ser atendidas diariamente, assim como nós humanos”, explicou. Segundo a idealizadora, muitos animais não eram vacinados, precisavam de castração e apresentavam doenças que exigiam tratamento contínuo.

Mais do que aproximar os cães da comunidade acadêmica, o UFCão busca conscientizar a população de que cada animal presente no campus é resultado de um crime de abandono. Para Fernanda, é fundamental que essa mensagem ultrapasse os muros da universidade.

Interessados em colaborar podem entrar em contato pelo Instagram @doguineos_ufcao.A gente não tem uma verba fixa que vem do ponto A do ponto B para manter esse trabalho voluntário. Tudo a gente precisa de doação, para tudo a gente faz campanhas de apadrinhamento, apadrinham a vacina, apadrinham a ração. Então, toda e qualquer tipo de ajuda é muito bem-vinda”, explica a protetora.

Abandonar animais é crime

Apesar do trabalho de acolhimento, a protetora reforça que abandonar animais é crime. A Lei Federal nº 9.605/98 prevê pena de prisão e multa, que podem ser agravadas caso o ato resulte na morte do animal. 

 

Compartilhar
Comentar
+ Lidas
TV Miséria