Foto: Nadine Doerle/Pixabay
O isolamento social por conta da pandemia de Covid-19 mostrou que as tecnologias digitais podem ser ótimas aliadas no desenvolvimento cognitivo e pedagógico de crianças e adolescentes. Diversas unidades de ensino da região do Cariri já utilizam ferramentas tecnológicas em suas atividades. Entretanto, nem tudo são flores.
A equipe de reportagem do Site Miséria conversou com a psicopedagoga Chris Bezerra e com a psicóloga Janaína Batista. Ambas as profissionais alertam para os riscos do excesso de tecnologia na vida de crianças e adolescentes e a importância de estimular atividades lúdicas de maneira não brusca.
“A principal causa de doenças como déficit de atenção, atrasos cognitivos, impulsividade, hiperatividade, dá-se pela falta de estímulos ambientais ao cérebro. Então, quanto mais tempo a criança permanece nas telas, menos ela interage com o mundo ao seu redor”, alerta a psicopedagoga Chris Bezerra.
A conduta dos adultos também interfere, como nos conta Chris. “De acordo com a OMS, a recomendação é que até dois anos a criança não seja exposta a telas, mesmo que não exista uma interação, como no caso de jogos. Não é nem recomendado que o adulto fique com o celular na mão enquanto a criança estiver no colo olhando para o aparelho”.
“As crianças com idades entre dois e cinco anos, o limite é de até uma hora por dia. A recomendação da OMS é que os cuidadores usem o tempo livre lendo ou contando histórias para os pequenos”, ressalta Chris.
A psicóloga Janaína Batista nos conta que os danos do excesso de tecnologia são visíveis tanto no presente, quanto no futuro. “No presente, deixa a criança mais irritada. Ela não vai ter paciência para ler. Também haverá dificuldade de se concentrar e de brincar de forma natural mesmo. Com a tecnologia, ela corre o risco de ficar cansada mentalmente. Atrapalha o sono e as deixam agitadas”.
Janaína explica como a cognição das crianças é afetada pelas tecnologias. “A criança fica fora da realidade. Ela pode se tornar uma criança frágil para se defender, ou uma criança agressiva por causa dos jogos. Depende muito de cada criança. O ideal é que a criança viva no mundo real”.
Por fim, a psicóloga dá dicas de como amenizar o problema. “Leva um caderno de desenho e coloca a criança para desenhar. Motiva ela em algo prático. Brincadeiras simples. E outra, motivar a criança a participar das atividades reais da família. Se for organizar a casa, convide as crianças. Elas precisam participar de algo que é real”.

