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Como presenciar brigas conjugais afeta o desenvolvimento e traumatiza crianças?
A equipe de reportagem do Site Miséria conversou com a psicóloga Janaína Batista e a psicopedagoga Ana Patrícia
Alan Clyverton
Foto: Hans Kretzmann/Pixabay

A infância, fase humana que vai do nascimento aos 11 anos de idade, é o período das grandes descobertas e aprendizagens. Através dela, o ser humano passa a identificar e se relacionar com o mundo ao seu redor. Tudo atravessa as suas experiências. É por isso que o lar deve ser seguro para os pequenos.

É importante fornecer um ambiente minimamente saudável de relações para garantir a boa evolução da criança e evitar problemas no desenvolvimento social e traumas. Para falar sobre o assunto, a equipe de reportagem do Site Miséria entrevistou a psicóloga Janaína Batista e a psicopedagoga Ana Patrícia.

“Brigas e grandes conflitos entre os casais, e entre os cuidadores, podem sim causar transtornos nas crianças”

A psicóloga Janaína Batista nos explicou como as brigas e discussões destemperadas na frente de crianças podem traumatizá-las e comprometer o desenvolvimento infantil saudável.

Já no início da nossa conversa, a psicóloga é enfática: “Brigas e grandes conflitos entre os casais, e entre os cuidadores, podem sim causar transtornos nas crianças”. A profissional nos ressalta que “o lar tem que ser um local seguro para a criança”. 

De acordo com Janaína, a segurança pessoal da criança está diretamente ligada ao ambiente familiar. “Se ela ver que o lar tá muito instável, como é que ela vai poder se sentir segura para lidar com o dia a dia lá fora? É necessário que o lar e a família sejam o porto seguro dela”.

A individualidade da criança também interfere na forma como elas são afetadas pelo ambiente externo. “Vai depender de cada situação, do temperamento de cada criança, mas é um risco, pode gerar uma grande insegurança e um comportamento de repetição. Aquela criança pode também se tornar agressiva. Não tem exatamente uma regra. Mas que as brigas podem causar traumas e problemas, isto é um fato. Quais vão causar, depende da história de vida, temperamento e situação”, conclui.

“A sobrecarga emocional, durante os momentos de conflitos, afeta diretamente a memória da criança”

À nossa equipe de reportagem, a psicopedagoga Ana Patrícia explica que o estresse causado pelos conflitos afetam até a cognição das crianças. “As brigas e discussões dos pais podem afetar tanto o desenvolvimento social, emocional, assim como o cognitivo. A sobrecarga emocional, durante os momentos de conflitos, afeta diretamente a memória da criança, pois a capacidade do cérebro de reter informações fica comprometida”.

Ana Patrícia também dá dicas de como os pais e tutores podem evitar colocar as crianças em situações nocivas de estresse. “Os pais devem trabalhar em resolver seus problemas conjugais quando as crianças não estiverem por perto. Além disso, é preciso treinar formas saudáveis de comunicação, como conversas sobre sentimentos, estratégias de resolução de conflitos e escuta ativa”.

“Uma das estratégias construtivas que devem ser adotadas quando os filhos presenciam um conflito é conversar sobre o ocorrido, explicando os motivos da discussão e deixando claro para a criança que ela não foi o motivo da briga. Se a criança for apenas afastada da discussão, ela pode criar fantasias para tentar entender o porquê do conflito”, conclui Ana Patrícia.

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