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Em audiência pública, moradores denunciam poeira, barulho e impactos ambientais nas obras do CAC no Cariri
Poeira constante, poluição sonora, circulação irregular de veículos e ausência de informações claras sobre a recuperação ambiental fazem parte da rotina das famílias que vivem no entorno da obra.
Rogério Brito
Audiência pública do CAC foi realizada na Universidade Regional do Cariri (Urca), no Crato
Audiência pública foi realizada na Universidade Regional do Cariri (Urca), no Crato | Foto: Guto Vital/ Miséria/M1

Nesta sexta-feira (5), moradores de comunidades afetadas pelas obras do Cinturão das Águas do Ceará (CAC) no Cariri voltaram a relatar problemas causados pela intervenção, durante audiência pública realizada na Universidade Regional do Cariri (Urca), no Crato. O encontro, promovido pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).

Segundo relatos, poeira constante, poluição sonora, circulação irregular de veículos e ausência de informações claras sobre a recuperação ambiental fazem parte da rotina das famílias que vivem no entorno da obra. Além dos danos materiais e ambientais, moradores apontam insegurança, dificuldades de locomoção e perda de fontes tradicionais de sustento.

A indígena Wanda Cariri, da aldeia Poço Dantas, na região de Ponta da Serra, afirmou que o impacto atinge diretamente o modo de vida da comunidade: “A devastação é muito grande. Essa biodiversidade que foi devastada também era sustentabilidade para o nosso povo, como, por exemplo, as castanhas do caju no período seca, que era uma renda”, afirmou.

Ela também destacou que, apesar de a obra tratar de recursos hídricos, a comunidade enfrentou falta de água até poucos anos atrás, dependendo de cacimbas, hoje parcialmente destruídas. “Com a passagem do cinturão, essas cacimbas, uma parte foi soterrada, outra parte ficou bastante com o talude de onde vai passar o rio, (…) a gente sem acessibilidade ao outro lado”, acrescenta.

Já Helenice Telles, moradora do Baixio das Palmeiras, relatou mudanças bruscas na paisagem e na qualidade de vida. “Nós estamos sofrendo diariamente com as mudanças. O que era verde hoje é um pó, o que era verde hoje são pedras, e dentro das nossas casas a gente convive diariamente com poeiras. Não conseguimos ter mais tranquilidade dentro de casa por conta das inseguranças que a obra vem nos causando”, relatou.

Desde o início das intervenções, esta é a terceira audiência pública realizada pela CDHC para ouvir os moradores. Demandas como presença de equipe médica, proibição de explosões e cautela no uso de máquinas pesadas já haviam sido pactuadas. A Comissão deve encaminhar um novo conjunto de recomendações aos órgãos responsáveis pela execução do CAC, com foco na redução dos danos socioambientais.

Assista a entrevista completa: 

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