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Espécie invasora de Madagascar ameaça carnaúba e bioma da Caatinga
Pela presença de flores lilás, a espécie foi importada há cerca de 40 anos para o Brasil como planta ornamental
Yanne Vieira
Foto: Reprodução Associação Caatinga

A Cryptostegia madagascariensis, mais conhecida como unha-do-diabo, boca-de-leão, e viuvinha, é uma trepadeira exótica originária da ilha de Madagascar, África. Pela presença de flores lilás, a espécie foi importada há cerca de 40 anos para o Brasil como planta ornamental, e por ter uma adaptação muito fácil ao clima, se tornou uma preocupação para a fonte de renda majoritária do Ceará, a carnaúba.

Nesta segunda-feira (2), agricultores, produtores, sindicalistas e políticos das regiões produtoras da carnaúba se reuniram juntamente com membros da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e a Organização Não Governamental (ONG) Associação Caatinga para debater ações de controle da espécie.

De acordo com o agrônomo, Raimundo Ribeiro Sales, presidente da Câmara Municipal de Miraíma, na Mesorregião do Noroeste cearense, a carnaúba é a única atividade sustentável do município, “se chove produz se não chove produz também, além de remunerar bem os agricultores. A urgência é cuidar da carnaúba, pois a madagascar está acabando não apenas os carnaubais, mas está atacando todas as espécies nativas”, afirmou.

Para a ONG Associação Caatinga, uma das principais causas para o desaparecimento de biodiversidade são as invasões biológicas. A unha-do-diabo cresce em volta do tronco da carnaúba, sufocando e impedindo a absorção de luz solar, o que acaba matando a palmeira. O mesmo acontece com outras plantas nativas do ecossistema da Caatinga.

“A ideia do projeto é buscar em Madagascar uma espécie de fungo que faz o controle da invasora”, explicou o coordenador de Educação Ambiental da ONG, Sandino Moreira. Segundo o educador, a pesquisa já foi realizada e o resultado é muito promissor. “Na Austrália tiveram o mesmo problema e já deu certo”, completou.

Após a reunião, o secretário da Sema, Artur Bruno, ressaltou que a pasta deve receber dois drones que devem contribuir para o mapeamento do problema e que vai ajudar a orientar a pesquisa em gestão e controle da espécie. Na ocasião, também foi criado um Grupo de Trabalho (GT) Frente de Combate da Unha-do-diabo.

A reunião foi convocada pelos municípios de Cruz, Massapê, Acaraú, Amontada, Irauçuba e Miraíma. Um requerimento também foi enviado à Sema com o objetivo de buscar recursos financeiros e apoio, o ‘Bolsa Verde’, “para recuperação, preservação e conservação da Carnaúba e proteção da biodiversidade no estado do Ceará; criação de políticas públicas de capacitação para cultivo, manejo, exploração sustentável, preservação e replantio da carnaúba; criação de projeto de combate a praga conhecida como unha-do-diabo, que hoje é grande ameaça ao setor carnaubeiro e à sobrevivência da biodiversidade na Caatinga”.

De acordo com a Sema, o Brasil é o único país do mundo que produz cera de carnaúba e tem produção estimada em 18.000 toneladas de cera por ano. Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Maranhão são os maiores produtores.

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