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Ex-prefeito de Aurora João de Zeca morre acometido do coronavírus no HRC em Juazeiro
Ele se encontrava internado a pouco mais de uma semana.
Demontier Tenório
Ex-prefeito de Aurora João de Zeca morre acometido do coronavirus no HRC em Juazeiro
“João de Zeca” morreu nesta madrugada no Hospital Regional do Cariri em Juazeiro (Normando Sóracles/Agência Miséria)

O ex-prefeito de Aurora, João Antonio de Macedo, o João de Zeca, morreu aos 84 anos por volta das 02h30min da madrugada desta quarta-feira num dos leitos de UTI do Hospital Regional do Cariri em Juazeiro do Norte. Ele já tinha testado positivo para a Covid-19 e se encontrava internado a pouco mais de uma semana. O seu filho e prefeito de Aurora, Júnior Macedo, decretou luto oficial de três dias no município por cujas ruas principais passará o cortejo fúnebre.

O corpo saiu de Juazeiro esta manhã em direção a Aurora quando circulará pelas ruas centrais e com a prévia solicitação de familiares no sentido de evitar aglomerações. Por volta do meio dia e meia apenas uma benção será procedida em frente à Igreja Matriz do Menino Deus antes do sepultamento no cemitério daquela cidade. A cerimonia será restrita reunindo apenas alguns familiares dentre os quais os irmãos Raimundo Macedo, ex-deputado e ex-prefeito de Juazeiro, e Preto Macedo, vereador em Juazeiro.

Sob o título: “Breve Relato Sobre João de Zeca”, o primo dele Vicente Landim de Macêdo, residente em Brasília, escreveu o seguinte:

“Conheci o primo João de Zeca – João Antônio de Macêdo – quando éramos pequenos, ele tinha três anos e eu sete, em 1938, época em que seus pais José Antônio de Macêdo – Zeca Vigário e Antônia Maria da Conceição – Antônia e os quatro filhos foram morar conosco no Sitio Mel, no Tipi, pois meus pais Silvino José de Macêdo e Vicência Leite Landim – Maroca, eram seus primos e muito amigos.

Em 1940, os tios Zeca, Antônia e filhos foram morar nos Marinheiros, onde meus pais tinham uma propriedade. O primo João, desde jovem, era muito trabalhador e, juntamente com o pai e irmãos, se dedicavam à agricultura, na produção de rapadura da cana de açúcar.

Quando João estava com 18 anos, falou para o pai que queria se dedicar a outro tipo de vida, ser comerciante. Começou sua vida de comerciante comprando couros de animais bovinos, ovinos, caprinos e de cobras. Teve uma boa experiência nesse novo ramo, uma atividade bem diferente da vida de agricultor que até então havia levado.

Depois dessa experiência inicial com a venda de couros de animais, quando tinha por volta dos 20 anos de idade, João começou a vender algodão. Comprava o produto na folha, isto é, antes mesmo da produção, recebendo-o na época da colheita, pois dessa forma conseguia obter preços mais baratos.

Tornou-se um grande comprador de algodão. Vendendo-o a vários empresários.

João comprou muito algodão e tudo indicava que ele ia ganhar muito dinheiro com esse negócio. Mas, de repente, o algodão baixou muito de preço e o prejuízo que João experimentou foi tão grande que o quebrou. Mas João foi trabalhar com outras pessoas e conseguiu liquidar todas as dívidas.

Depois disso, João estudou o mercado de sua cidade e viu que a venda de eletrodomésticos poderia ser um bom negócio. Com esse conseguiu comprar a prazo 10 máquinas de costura e 10 aparelhos de rádio. João pegou essas mercadorias e dirigiu-se imediatamente para Aurora, onde, na zona urbana e em sítios vendeu-as por um bom preço.

Como vendera todas as mercadorias, João retornou a Cajazeiras, pagou tudo o que estava devendo e ainda comprou mais máquinas e rádios, dessa vez por preços mais baixos, já que estava pagando à vista. Dirigiu-se novamente para Aurora, onde mais uma vez vendeu tudo, quase sem nenhuma dificuldade.

João fez várias outras viagens a Cajazeiras, para comprar mercadorias, e assim continuou, ganhando bastante dinheiro com a venda de eletrodomésticos. Apenas quando percebeu que o negócio com a venda de eletrodomésticos não estava mais tão vantajoso, João resolveu mudar de ramo.

Foi então que iniciou as atividades de fotógrafo e de vendedor de secos e molhados, passando depois a comercializar jóias e bijuterias (tais como, brincos, relógios, pulseiras e cordões de ouro) em todo o Estado do Ceará e, em seguida, nos Estados de São Paulo, Mato Grosso e Paraná.

Tudo corria bem com João no comércio de jóias e bijuterias. Já tinha formado uma boa clientela, que lhe proporcionava a realização de ótimos negócios e, conseqüentemente, uma boa renda financeira.

João sabia agradar seus clientes, pois conhecia bem os seus produtos e procurava resolver rapidamente quaisquer dúvidas que pairassem sobre as mercadorias, as quais geralmente eram vendidas a prazo. Ele sempre dizia para seus clientes que se tivessem algum problema com o produto comprado o procurasse, por isso sempre deixava com eles o seu endereço e telefone.

Dono de uma inteligência invejável, João sabia vender, conquistando muitos amigos e jamais deixou um cliente insatisfeito, pois tinha, na ponta da língua, explicações e soluções adequadas para todas as reclamações que recebia.

João se deu muito bem no negócio de venda de Jóias e bijuterias, mas o seu ideal era entrar na política de Aurora e contando com o importante apoio de tio Antônio Landim de Macêdo, irmão do meu pai Silvino e primo do tio Zeca, pai do João, se candidatou a Vereador à Câmara Municipal de Aurora, em maio de 1970, sendo eleito com a maior votação entre todos os candidatos.

Em decorrência do sucesso nas eleições, João foi escolhido pelos seus pares, em 25.03.1971, para o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Aurora.

Em 1972, João candidatou-se ao cargo de Prefeito, mas, como os seus trabalhos em prol do povo ainda não eram conhecidos pelos eleitores, foi derrotado por Francisco Bezerra dos Santos, conhecido por B Santos.

Nas eleições seguintes, que ocorreram no ano de 1976, já tendo demonstrado para a população do município sua capacidade administrativa e seu grande interesse pelo bem comum do povo dos sítios e da cidade, João foi candidato novamente a Prefeito, elegendo-se com 88% dos votos válidos, para o mandato de 1977 a 1981, prorrogado para 31/12/1982, face à alteração das eleições para Prefeito, impondo uma grande derrota a Teotônio Gonçalves Neto.

Como Prefeito, realizou muitas obras no Município, construindo açudes, barragens, pontes molhadas, escolas, postos de saúde. Em todo o Município, ele construiu 48 Grupos Escolares. Na sede do Município, fez 01 Ginásio no Araçá, com 12 salas de aula; construiu mais 08 salas de aula na Escola José Pinto Queixado; na Escola Monsenhor Vicente Bezerra, aumentou mais 4 salas de aula e construiu o Hospital Geral, em Aurora, que recebeu o nome de Inês Andreazza, genitora do Ministro Mário Andreazza.

No Distrito de Ingazeira, na escola existente, construiu mais 6 salas de aula e construiu o Grupo Escolar Mauro Sampaio. Construiu muitas estradas, beneficiando as casas localizadas na zona rural que ainda não contavam com tal benfeitoria.

Perenizou o Rio Salgado com a construção de 22 barragens.

Com a valiosa ajuda de Ministros, Deputados e do Superintendente da Sudene, colocou energia elétrica em 98% do Município. Asfaltou a estrada que liga a cidade de Aurora à BR 116.

Para resolver o problema da falta d´água, construiu açudes no Coxa, na Catingueira, no Frade, nos Macacos, no Mocó, na Várzea das Oficinas, no Cabrito, na Prainha, entre outras localidades da zona rural aurorense. Nas áreas urbanas dos distritos Santa Vitória, Tipi e Ingazeiras, realizou calçamento, sistema de água e instalação de energia elétrica.

Em 1978, idealizou e executou a primeira festa do Município de Aurora, realizada todas as noites, entre os dias de 1 a 10 de novembro de cada ano. Nessas festas eram ofertados prêmios diversos para os idosos, os jovens e os professores.

João tinha por norma atender as necessidades de todos que o procuravam, concedendo-lhes transporte para outras localidades, alimentos, assistência médica e tudo o mais que estivesse ao seu alcance.

Como naquela época não era permitida a reeleição, em 1982, João, usando de seu elevado prestígio eleitoral, indicou e apoiou como candidato a Prefeito de Aurora o seu primo, o Coronel do Exército, Antônio Vicente de Macêdo, que foi eleito, com boa aceitação popular, para o mandato de 01/01/1983 a 31/12/1988.

Em 1988, João foi novamente candidato a Prefeito e venceu as eleições em Aurora, derrotando dessa vez a sua prima, Maria do Socorro Macedo Santos, que tinha como vice na chapa o Dr. Acilon Gonçalves Pinto, que já tinha sido uma grande liderança na cidade. Nesse novo período administrativo, de 01/01/1989 a 31/12/1992, como no anterior, João trabalhou muito em prol do município e da população, realizando várias outras benfeitorias.

Após dois mandatos como Prefeito, João assumiu a liderança política de Aurora, pois, quase sempre, conseguiu eleger seus candidatos, perdendo somente três vezes para o seu adversário político Francisco Carlos Macêdo Tavares – Carlinhos.

Mesmo depois dessas derrotas políticas para seu primo e adversário político, João continuou dominando a política de Aurora, elegendo seus candidatos. Os últimos foram José Adailton de Macêdo e João Antônio de Macêdo Júnior.

Ele foi e é um apaixonado pela política.

Com esse breve relato, é possível constatar que o primo João, como Vereador, Prefeito ou mesmo fora da Prefeitura, sempre tratou de resolver os problemas da Prefeitura e atender a todos os que o procuravam”.

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