Jorge mostra itens deixados na Cascata do Crato | Foto: Reprodução
O criador de conteúdo Jorge dos Santos denunciou, nas redes sociais, o descarte de materiais na Cascata do Crato. Em vídeo publicado recentemente, ele mostra itens deixados na água, como frutas, velas de diferentes cores e partes de animais mortos, próximos à queda d’água, área mais utilizada por banhistas.
Segundo Jorge, o material teria sido deixado por praticantes de religiões de matrizes africanas, como a Umbanda. Ele ressalta, no entanto, que sua crítica não tem cunho religioso, mas ambiental e sanitário, uma vez que os objetos foram deixados em um ponto de uso coletivo do rio.
“Já falei e repito: não sou contra religião nenhuma, mas isso já está demais, uma falta de respeito enorme. […] Mesmo aqui na passagem, onde o povo toma banho”, lamentou.
Também conhecido como Guardião da Cascata, Jorge atua de forma voluntária como uma espécie de zelador informal do local, realizando limpezas frequentes e orientando visitantes sobre a preservação ambiental. Na gravação, ele pede mais consciência sobre o impacto dessas ações no local.
“Vamos ter um pouquinho de consciência. Esse trabalho que vocês fazem, destruindo a natureza, é trabalho perdido. Me desculpem, mas eu queria que vocês tivessem um pouco de noção do que vocês estão fazendo”, afirma, antes de anunciar que faria a limpeza.
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Contraponto
O babalaô Norberto Peixoto, sacerdote da tradição iorubá e pesquisador das religiões de matrizes africanas, afirma que esse tipo de prática não é uma orientação das religiões de matrizes africanas. Segundo ele, os ritos espirituais não exigem que materiais permaneçam por longos períodos em rios, cachoeiras ou outros pontos de força.
“Para a liberação de um Axé, de um fluído, basta duas, três, quatro horas. Por que que eu não faço aquela entrega e vou lá depois e recolho? Por que que eu não tenho uma atitude ecológica com o ponto de força com o orixá?”, questiona.
Norberto Peixoto ainda critica a falta de orientação de alguns sacerdotes e avalia que esse tipo de prática contribui para uma imagem negativa das religiões de matrizes africanas perante a sociedade.
“O que passa para o leigo, aquele que não entende o fundamento, é que nós somos todos relaxados, que a gente suja as praças e que nós não respeitamos ninguém. É isso que o leigo pensa da gente e generaliza. Nós temos um compromisso com o orixá, com a nossa verdade, com a nossa consciência”, afirma.
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