Radialista Coelho Alves, a cantora Dalva de Oliveira ao lado de Ednir Bezerra Mendonça e sua filha Virgínia, o radialista Lucier Menezes e o jornalista Jackson Pires Barbosa (Arquivo)
Nesta terça-feira, o Site Miséria mergulha no túnel do tempo e lembra um fato que muito chamou a atenção dos juazeirenses. Há exatos 50 anos a cantora Dalva de Oliveira visitava Juazeiro do Norte com o objetivo de pagar uma promessa feita com o Padre Cícero Romão Batista por ter recuperado a sua voz. Ela surpreendeu os presentes na Capela do Socorro ao adentrar o templo sozinha para se ajoelhar perante o túmulo do sacerdote e permanecer durante alguns momentos de orações.
Depois, acendeu vela no candelabro e foi até o monumento em homenagem ao Padre Cícero na Colina do Horto sem esconder a alegria e a emoção. Tudo isso aconteceu no dia 1º de junho de 1971 e a cantora Dalva de Oliveira, aos 54 anos de idade, atendeu a todos que queriam fazer fotos ao seu lado. Numa dessas fotos (acima) o radialista Coelho Alves, a cantora Dalva de Oliveira ao lado de Ednir Bezerra Mendonça e sua filha Virgínia, o radialista Lucier Menezes e o jornalista Jackson Pires Barbosa.
Vicentina de Paula Oliveira era o nome dessa famosa artista que nasceu no dia 5 de maio de 1917 no município de Rio Claro (SP) e faleceu aos 55 anos no dia 30 de agosto de 1972 no Rio de Janeiro. Dalva de Oliveira foi considerada uma das mais importantes cantoras do Brasil e dona de bela voz. Aos 18 anos mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, em busca de uma vida melhor e frequentava o Cine Pátria, onde conheceu seu primeiro namorado o cantor Herivelto Martins.
Desse relacionamento surgiu os filhos Pery Ribeiro (cantor) e Ubiratan Oliveira Martins, mas a união não durou muito em virtude das muitas brigas, traições, crises violentas de ciúmes e humilhações por parte de Herivelto. Tudo decorrente de matérias mentirosas que difamavam a moral de Dalva, alegando que ela traía o marido e participava de festas imorais. Por ser cantora, sempre era apontada como detentora de moral duvidosa e sua profissão pesou nas acusações mentirosas.
Os escândalos forjados fizeram com que o conselho tutelar mandasse os filhos dela para um internato, alegando que a mãe não possuía uma boa conduta moral para cria-los, Nisso, desespero e depressão já que os meninos só podiam visitar os pais em datas festivas e fins de semana até completarem 18 anos. Dalva lutou muito pela guarda dos filhos e sofreu bastante por isso.
No ano de 1952 voltou a se consagrar música mundial e foi eleita “Rainha do Rádio” quando esteve na Argentina e conheceu o seu segundo marido Tito Climent, que se tornou o seu empresário. O casal adotou uma menina que vivia num orfanato em Buenos Aires. Mais uma vez as constantes viagens desagradavam o marido e surgiram conflitos quando este desejava que Dalva de Oliveira abandonasse a carreira artística com o que ela não concordava.
Após a separação no ano de 1960 Dalva retornou ao Brasil e travou nova luta na justiça, pois queria a guarda da menina a qual ficou com ele se valendo das notícias mentirosas anteriormente montadas no Brasil. Nisso, retomou a carreira com mais vontade do que nunca e sempre fazendo muito sucesso. Sempre que os três filhos iam ficar o mês inteiro na mansão da cantora, ela cancelava todos os shows para se dedicar aos mesmos.
A vontade de Dalva era poder ficar sempre perto dos filhos, sonho que não pôde realizar e vivia sozinha na sua mansão já se acostumando com a solidão. Todavia, para compensar a tristeza, passou a beber e fumar compulsivamente. Mesmo assim, costumava viajar o mundo em turnês musicais. O terceiro casamento foi com Manuel Nuno vinte anos mais jovem que ela quando, no dia 19 de agosto de 1965, sofreram grave acidente.
Ele dirigia o carro e, supostamente, o casal discutia por conta de ciúmes e tinham bebido quando Manuel perdeu o controle, atropelando e matando quatro pessoas. Dalva ficou em coma durante alguns dias, teve afundamento no maxilar, bacia fraturada e ficou com uma marca na bochecha determinando várias cirurgias quando fez a promessa com o Padre Cícero. Ela arcou com as indenizações aos familiares das vítimas, dizimando o seu patrimônio quando, anos depois, morreu sozinha e pobre.

