Poeta Silvio Grangeiro morreu aos 68 anos na sua casa em Juazeiro. (Foto: Reprodução)
Como forma de homenagem póstuma lembramos, nesta quarta-feira (17), a passagem de exatos 10 anos da morte do poeta Silvio Grangeiro. Seu nome era Expedito Alves Grangeiro, que nasceu no dia 12 de agosto de 1947 em Abaiara e faleceu aos 68 anos no dia 17 de setembro de 2015 na sua casa no bairro Lagoa Seca em Juazeiro.
Ele se tratava de uma leucemia que o debilitava a cada dia, mas nunca se reclamou e mantinha a confiança de ficar curado. Por isso, tinha trocado a viola e os palcos por internamentos hospitalares, sessões de quimioterapia e recolhimento ao lar recebendo o carinho e o aconchego da família. Foi casado com Marismar de Barros Grangeiro com quem teve seis filhos: Siliomar, Gilvaneide, Simone, Sirlan, Silmara e Siele.
No ano de 2013, sua filha Simone Grangeiro lançou o livro “Sílvio Grangeiro – Uma vida de repente” que conta a história e a arte do ilustre poeta. Ele participou de mais de 300 festivais conquistando centenas de troféus que a filha cita na obra a qual aponta ainda seus melhores versos, traz depoimentos de amigos e muitas fotografias.
Anos após nascer em Abaiara Sílvio passou a morar no vizinho município de Missão Velha até fixar residência no Juazeiro. Era um artista muito conhecido e querido em todo o Ceará. Relembre aqui os versos do poeta Pedro Ernesto Filho descrevendo a trajetória de Sílvio Grangeiro num poema que adotou como mote: “Um filho de Abaiara radicado em Juazeiro:
Filho de família pobre,
simples, mas trabalhadora,
otimista e defensora
de um passado autêntico e nobre,
logo que Sílvio descobre
o seu dom de violeiro,
buscou no país inteiro
uma fama pura e rara
-Um filho de Abaiara
radicado em Juazeiro.
Menino pobre da roça
lá da Serra do Mãozinha,
comeu feijão com farinha,
foi à feira de carroça;
dançou forró em palhoça,
caçou peba em tabuleiro,
fez estaca de pereiro
e entrançou cerca de vara
-Um filho de Abaiara
radicado em Juazeiro.
Em toda comunidade
hoje Sílvio é conhecido,
cidadão nobre e querido
por nossa sociedade,
a sua simplicidade
enriquece o seu celeiro,
toda família Grangeiro
essa verdade declara
-Um filho de Abaiara
radicado em Juazeiro.
Bom esposo, bom amigo,
bom pai, um bom cidadão,
um ídolo da profissão
que leva a arte consigo,
um príncipe no seu abrigo,
um colega, um mensageiro,
um poeta conselheiro
e a quem precisa ele ampara
-Um filho de Abaiara
radicado em Juazeiro.
Um ser humano sem par,
tem família organizada,
sua história é respeitada
porque sabe trabalhar,
casado com Marismar
construiu um lar ordeiro,
tem um filho seresteiro
boêmio de lua clara
-Um filho de Abaiara
radicado em Juazeiro.
Um cantador genial,
exemplo na região,
não faz discriminação
trata todos por igual,
campeão de festival,
afamado no terreiro,
cantando ensina ao parceiro
que às vezes não se prepara
-Um filho de Abaiara
radicado em Juazeiro.
Um mestre dos veteranos
de um currículo sem bitola,
seu programa de Viola
tem quase trinta e seis anos,
gravou disco, atingiu planos,
sem ter ânsia por dinheiro,
sua arte é um luzeiro
no deserto de Saara
Já não tem mais prateleira
para os troféus que ganhou,
com Chico Alves gravou
a Derruba de Madeira,
a poesia brasileira
tem sido seu travesseiro,
fez toada de vaqueiro,
criou melodia cara
-Um filho de Abaiara
radicado em Juazeiro.
Pra cantar não faz ensaio,
seu verso sai de encomenda,
em janeiro a sua agenda
já tem convite pra maio,
nunca preparou balaio
pra jogar no companheiro;
no rádio, o horário inteiro,
seu telefone não pára
-Um filho de Abaiara
radicado em Juazeiro.
O Cariri tem razão
de mantê-lo em sua história,
sabe receber vitória
e evitar decepção,
exemplo de cidadão
por ser bom e verdadeiro,
ah! se todo brasileiro
fosse igual a esse cara!
-Um filho de Abaiara
Radicado em Juazeiro.

