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Juazeiro lembra neste domingo 5 anos da morte do empresário Raimundo Ferreira um grande empreendedor
Ele nasceu em Várzea Alegre no dia 6 de março de 1931 e faleceu em Juazeiro, aos 88 anos, no dia 16 de junho de 2019.
Demontier Tenório
Raimundo Ferreira foi um dos grandes empreendedores do Cariri. (Foto: Arquivo)

O Site Miséria lembra exatos 5 anos da morte do empresário Raimundo Correia Ferreira, que transcorre neste domingo. Ele nasceu em Várzea Alegre no dia 6 de março de 1931 e faleceu em Juazeiro, aos 88 anos, no dia 16 de junho de 2019. O mesmo viveu os últimos onze anos numa UTI instalada na sua residência na Avenida Leão Sampaio no bairro Lagoa Seca.

O seu sepultamento marcou o fim da história de um dos maiores exemplos na área do empreendedorismo na região do Cariri. Ele era considerado um homem dotado de uma visão bem à frente do seu tempo junto com enorme capacidade de trabalho. Juazeiro e o Cariri perderam um dos seus grandes líderes empresariais o qual levou consigo toda uma benevolência de quem procurou ajudar o próximo.

Seu Raimundo – como era conhecido – deixou quatro filhos no caso os empresários Raimundo Ferreira Júnior e Lúcia Ferreira, Roberto Ferreira e a corretora de imóveis, Andréa Ferreira. Foi um orador nato bastante afeito à leitura e homem bem informado, principalmente quando o assunto era política, esporte e economia. De memória privilegiada, jamais precisou carregar agendas consigo já que guardava nomes e números com facilidade.

Ele tinha apenas 23 anos quando trocou Várzea Alegre por Campina Grande (PB), a fim de morar com uma irmã e estudar. Mas sua vontade mesmo era empreender e montou um serviço de som ambulante com ele próprio atuando na locução em favor de políticos da cidade. Após um dia inteiro percorrendo as ruas ainda apresentava os comícios no período da noite.

Igualmente naquela cidade instalou uma fábrica de sorvetes. Ele não só era o fabricante quanto vendedor nas portas das escolas. No ano de 1955 retornou à Várzea Alegre e foi trabalhar com Chagas Bezerra, pioneiro no transporte rodoviário de passageiros entre o Cariri, São Paulo e Rio de Janeiro com a Viação Varzealegrense. Não demorou a comprar um ônibus o qual agregou à empresa do patrão passando a faturar comissões além do salário. Com as economias terminou adquirindo outro ônibus.

Jovem ousado e destemido foi ao encontro do então presidente Juscelino Kubitschek em visita à Campina Grande, no ano de 1958, a quem pediu autorização para explorar a linha de ônibus ligando Cajazeiras (PB) a São Paulo. A resposta foi positiva coincidindo com o seu aniversário de 27 anos e, numa homenagem à JK, pôs o nome de Viação Brasília. Daí surgiu uma nova luta após contratar um motorista para as viagens.

O próprio Raimundo Ferreira saía à cata de passageiros e era quem carregava as bagagens e acomodava no ônibus para seguir junto nas viagens. Na maioria das vezes, o coletivo lotava e lá ía Seu Raimundo sentado num caixote no corredor do ônibus até à capital paulista. Em certas ocasiões, ficava em algumas localidades com o objetivo de reunir passageiros. Se o objetivo da viagem era procurar emprego em São Paulo, não tinha problema: o jovem empresário recebia o dinheiro da passagem depois.

Foi assim que cresceu e, retornando à sua terra natal, terminou comprando a Viação Varzealegrense do ex-patrão Chagas Bezerra. No ano de 1964 Seu Raimundo já possuía uma frota em torno de 50 ônibus ligando Juazeiro e Crato à São Paulo, bem como Juazeiro até Salgueiro, Maceió, Teresina e Salvador. Além disso, Patos (PB)/São Paulo; Fortaleza/Salvador, além da linha entre Quixadá até São Paulo e Rio de Janeiro.

Alguns anos depois resolveu manter o foco apenas no Cariri e, no ano de 1969, surgiu a Rápido Juazeiro com quatro ônibus do Cariri para Fortaleza. Não demorou e vieram os ônibus leitos e com ar condicionado trazendo, depois, consigo a Viação Rio Negro. Em outubro de 1983 vendeu a Viação Varzealegrense e o pouco que restava em termos de transportes interestaduais ante a intenção de reduzir a carga de trabalho e o nível de preocupação.

É que oito anos antes, mais precisamente em 1975, Seu Raimundo retornava de São Paulo onde tinha adquirido outros 10 ônibus quando se envolveu num acidente de trânsito. Na estrada Crato/Farias Brito, o veículo Maverick – dirigido por seu irmão – capotou e o empresário com 44 anos ou a metade do tempo em que viveria entre nós perdeu 110 gramas de massa cefálica. Seu Raimundo foi submetido a cirurgias e escapou com sequelas após 92 dias em estado de coma.

Quando morou em Cajazeiras, Raimundo Ferreira decidiu enveredar na política chegando a disputar a prefeitura da cidade por duas vezes, mas sem obter êxito. Depois, chegou à conclusão que não precisava de cargos para ajudar o progresso da cidade. Ali construiu a primeira rodoviária da Paraíba junto a um hotel com quatro andares, edificou um clube social, formou a primeira Banda de Música, instalou a telefonia, financiou moradias populares e ainda dotou a cidade do abastecimento d’água.

Em Várzea Alegre doou terreno ao Estado para construção do Hotel Municipal e fundou a Rádio Cultura. Junto ao Ministério das Comunicações conseguiu a concessão da Rádio Vale do Cariri AM a qual, no Natal de 1983, deu de presente ao deputado federal Mauro Sampaio. Em Salgueiro (PE) comprou um amplo terreno e doou à prefeitura para construir o Hotel Municipal que recebeu o seu nome. Nas décadas de 80 e 90 foi um dos maiores empregadores do Cariri já incluindo a VB Express.

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