Foto: Júlio Camargo/Brasil de Fato
Intitulado “Mercedes Sosa: A Voz dos Sem Voz”, o show da cantora hondurenha Indiana Nomma, acompanhada do violonista André Pinto Siqueira, acontece neste sábado (20), às 19 horas, no Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, no Crato. A apresentação é um tributo à Mercedes Sosa — que completaria 90 anos em 2025 — e traz um repertório com canções do folclore argentino.
Indiana carrega em sua voz a cultura e as influências políticas da América Latina, representando essa diversidade por meio do jazz, da MPB e da black music. O show inclui canções eternas como “Gracias a la vida”, “Volver a los 17”, “Alfonsina y el mar” e “Yo vengo a ofrecer mi corazón”.
A cantora também já interpretou diversas músicas de grandes nomes brasileiros e internacionais, como Milton Nascimento, Violeta Parra, Horacio Guarany e Tim Maia.
Mercedes Sosa: La Negra
Mercedes Sosa nasceu em 9 de julho de 1935, na Argentina. Considerada a maior intérprete do folclore argentino, ela popularizou diversos ritmos latinos, especialmente o folclore de seu país. Lançou seu primeiro álbum em 1961 e lançou mais de 30 discos até 2009, ano em que faleceu em Buenos Aires.
Além de sua voz marcante, Mercedes se destacou pelo posicionamento político, utilizando suas canções para transmitir mensagens sociais e reflexões profundas. Foi após o lançamento do LP “Canciones con fundamento” (1964) que recebeu seu apelido carinhoso — “La Negra” — em referência à sua origem indígena, e não africana, como muitos imaginavam.
No Brasil, Mercedes Sosa ganhou destaque a partir de 1976, especialmente com a canção “Volver a los 17”, de Violeta Parra, em dueto com Milton Nascimento. Também participou de discos de grandes artistas brasileiros como Chico Buarque, Fagner, Caetano Veloso, Beth Carvalho e Daniela Mercury.

Foto: Reprodução.
Indiana e Mercedes
Filha de pais brasileiros exilados no Chile durante a ditadura militar do Brasil, Indiana nasceu em Honduras e viveu entre México, Nicarágua, Portugal e Alemanha Oriental durante o período da Guerra Fria, chegando ao Brasil em 1987.
Segundo o Brasil de Fato, Indiana conheceu Mercedes Sosa em Nicarágua, aos quatro anos de idade, quando “La Negra” se apresentava em Manágua. Enquanto assistia ao show nos ombros do pai, encantou-se com a musicalidade latino-americana: “A força que ela transmitia na voz dela era realmente algo fora do comum. Não força física, falo da força espiritual que ela transmitia”, conta a cantora.
Desde então, Nomma presta homenagem a Mercedes Sosa há 24 anos. E, através da voz da cantora, a alma de Mercedes ressurge, transcendendo o tempo e as fronteiras e perpetuando seu legado como símbolo da luta contra as diversas formas de opressão na América Latina.

