Compartilhar
Publicidade
Publicidade
Morre aos 82 anos em Juazeiro a Mestra da Cultura Maria Cândido, uma exímia artesã
Ela era Mestra da Cultura do Ceará desde 2004 e integrou uma família que muito se dedicou ao artesanato em argila transformando sua residência num atelier.
Demontier Tenório
Morre aos 82 anos em Juazeiro a Mestra da Cultura Maria Cândido, uma exímia artesã
Mestra da Cultura, Maria Cândido, e uma de suas peças: um presépio natalino (Reprodução)

A artesã Maria de Lourdes Cândido Monteiro, a Mestra Maria Cândido, morreu na madrugada desta quinta-feira em sua residência na Rua Boa Vista, 55 no centro de Juazeiro do Norte. No último dia 11 de fevereiro ela completou 82 anos de idade e o velório acontece em sua casa com sepultamento marcado para esta sexta-feira no Cemitério Parque Anjo da Guarda em Juazeiro.

A mesma era Mestra da Cultura do Ceará desde 2004 e integrou uma família que muito se dedicou ao artesanato em argila transformando sua residência num atelier. Das sete irmãs Cândidas pelo menos cinco tem algo em comum que é o nome de Maria com todas metendo a mão na massa desde muito tempo para produzir temas em barro. Uma delas já tinha morrido em 2012 num acidente de trânsito e as que ficaram não quiseram concluir as peças que a mana havia começado.

“Foi um duro golpe prá nós”, revelou na época Dona Maria Cândido que faleceu nesta madrugada após, na condição de Mestra da Cultura, cumprir a missão de repassar para outros o que aprendeu sozinha. Tangida do Pernambuco pelo bafejo da fé, ela desembarcou em Juazeiro no ano de 1939 ainda nos braços dos pais romeiros e com apenas seis meses de nascimento.

Anos depois passou a comandar um atelier bem assemelhado às premissas de Padre Cícero aconselhando a instalação de uma oficina e um oratório em cada lar. O de Dona Maria tem muitas imagens de Santos e a tradicional Reza do Sagrado Coração de Jesus no imóvel sempre aconteceu a cada dia 29 de junho. O atelier funciona quase vizinho ao sobrado onde Lampião e o seu bando se hospedaram no ano de 1926 quando visitaram Juazeiro o qual foi demolido recentemente.

O trabalho das irmãs é mais por encomenda numa atividade reunindo cerca de 10 pessoas entre filhos, netos, noras e genros produzindo em torno de 50 temas por dia. A produção começa quando a argila é batida, passando pela peneira, sendo amassada, curtida durante três dias para se tornar uma peça a qual, depois de seca, é queimada e pintada. As peças “já foram até prá fora do Brasil. Lugar que a gente nem sabe o nome direito”, se orgulhava Maria Cândido ao falar sobre o sucesso do trabalho na última entrevista que concedeu ao Site Miséria há oito anos.

Compartilhar
Loading spinner
Comentar
+ Lidas
Publicidade