Foto: THOMAS PARK / UNSPLASH
Nesta sexta-feira (16), um estudo publicado na revista Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, apontou que a pandemia de covid-19 afetou o aprendizado das crianças em ensino remoto na pré-escola, principalmente as mais pobres. A pesquisa foi realizada por cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Durham University.
O estudo aponta que a interrupção das atividades presenciais nas escolas aumentou a desigualdade de aprendizagem durante o ano de 2020. Coordenada pelos pesquisadores da UFRJ e financiada pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, a análise aponta que crianças em situação de maior vulnerabilidade social, ou seja, que fazem parte de uma família com perfil socioeconômico mais baixo, aprenderam em média quase a metade (48%) do que seria esperado em aulas presenciais.
De acordo com os cientistas, entre as crianças cujas famílias apresentavam perfil socioeconômico mais alto, o déficit foi menor. Elas aprenderam em média 75% do esperado, gerando uma diferença média de três meses de aprendizado entre os dois grupos de crianças.
A pesquisa aponta ainda, que crianças que vivenciaram o segundo ano da pré-escola em 2020, a maior parte do tempo no formato remoto, aprenderam 66% em linguagem e 64% em matemática em comparação com o aprendizado das crianças em 2019.
Segundo o pesquisador Thiago Bartholo, este tipo de estudo é inédito no Brasil. “Os resultados desse estudo podem ajudar na formulação de um diagnóstico que deve ser a base para a elaboração de um plano nacional de recuperação da educação. Esse plano será mais efetivo se as defasagens nas aprendizagens forem mensuradas e a ampliação das desigualdades educacionais no país for levada em conta”, destaca o pesquisador.
A pesquisa ainda está em andamento, com os autores coletando dados para estimar os impactos da pandemia no médio prazo, equivalente ao ano letivo de 2022. “O estudo é relevante porque coletou dados para uma faixa etária que em geral é deixada de lado nos estudos educacionais. Há pouca evidência de estudos robustos produzidos na educação infantil. Além disso, a maior parte das evidências sobre os efeitos da pandemia foram produzidas em países mais desenvolvidos”, conclui Tiago Bartholo.

