Macedônia Felix, integrante da Frente de Mulheres do Cariri. Foto: Guto Vital / Portal Miseria/M1.
Em 2025, completam-se dez anos da sanção da lei que tipificou o feminicídio no Brasil. No Ceará, uma lei estadual, sancionada em 2019, instituiu o dia 24 de outubro como data de combate a esse crime. No entanto, dentro do Estado, movimentos feministas chamam atenção para a necessidade de um olhar mais atento ao Cariri, uma das macrorregiões com os maiores índices de violência contra a mulher.
Somente entre os dias 20 a 23 de junho deste ano, quatro mulheres foram vítimas de feminicídio na região, duas em Juazeiro do Norte, uma em Barbalha e outra em Várzea Alegre. As vítimas tinham entre 23 e 38 anos.
Segundo Macedônia Felix, integrante da Frente de Mulheres do Cariri, além das leis de punição, também é preciso intensificar as políticas de prevenção ao crime. “A gente está falando de um crime estrutural, isso significa dizer que você não pode atuar só em uma frente, é um crime complexo”, comenta.
Uma das formas apontadas pela ativista é utilizar a educação, dentro do lar e fora dele — nas escolas, empresas e instituições — para repensar como as relações, em especial as de gênero, são construídas.
“Isso significa dizer que para diminuir o feminicídio e a violência contra a mulher, nós temos que trabalhar dentro da nossa casa e nas nossas relações, o que é que nós achamos que é uma mulher e o que é que a gente acha que é um homem. Se a mulher estiver colocada no lugar de um objeto que pode ser conquistado (…) então isso tem a ver com as relações de violência, de ódio”, explica.
Para Macêdonia, os homens têm um papel fundamental no processo de conscientização e precisam fortalecer entre si a compreensão de que não há posse entre as pessoas, sendo essas livres para escolher outros caminhos. Ela destaca que a maioria dos casos de feminicídio está relacionada à ao fato de alguns homens não lidarem com o fim de um relacionamento.
“Então mais homens falando com homens sobre relação, sobre perder, sobre recomeçar, assim como nós dizemos para as mulheres. Cada vez mais mulheres estão interrompendo relações, estão recomeçando relações. Então não se trata da coragem da mulher, se trata de nós termos segurança entre nós para recomeçar relações”, destaca.
Onde buscar suporte?
- 180 – Central de Atendimento à Mulher
- 181 – Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS)
- (85) 3101-0181 – WhatsApp, pelo qual podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia.
- Delegacia da Mulher de Juazeiro do Norte ou Crato
- 190 – Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança
- 100 – Disque Direitos Humanos
Ainda, de acordo com a SSPDS, há possibilidade de solicitar medidas protetivas de urgência de forma virtual. As solicitações podem ser feitas por meio do site mulher.policiacivil.ce.gov.br.
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