Ação reuniu comunidades indígenas, povos de terreiro, professores, alunos e agentes de cultura. Foto: Camila Mouta.
Na última sexta-feira (12), o Terreiro das Pretas, em Crato, recebeu o lançamento do projeto ‘Afrobarroco’. Intitulado de “O Recôncavo encontra o Cariri”, a iniciativa tem o objetivo de articular música, filosofia, pesquisa e ações educativas que resgatem e valorizem a história e cultura afro-brasileira e indígena.
O momento, além da presença de comunidades indígenas, povos de terreiro, professores, alunos e agentes de cultura, também contou com as apresentações do cantor e compositor Mateus Aleluia, da Orquestra Sanfônica do Projeto Asa Branca de Exu, do Maracatu Uinu Erê, e da Mestra Zulene Galdino.
Remanescente do grupo musical ‘Os Tincoãs’, reconhecido pela construção de harmonias vocais para cantos de religiões afro e sambas de roda, o também pesquisador Mateus Aleluia deu início à programação da noite, com uma palestra musical onde fez um apelo em busca de equidade e da celebração do povo preto e indígena.
“Se o país é nosso, o governo é nosso, apliquemos estas leis [de ensino da cultura nas escolas]. Eu penso que é o momento de todos nós tomarmos consciência que nós somos muito mais próximos que afastados. Vamos unir as mãos”, disse.

Mateus Aleluia durante apresentação no Afrobarroco, em Crato. Foto: Camila Mouta.
Para as irmãs Valéria e Verônica Carvalho, fundadoras do GRUNEC, a caminhada para a celebração da cultura afro-brasileira e indígena não é fácil. Elas contam que são 30 anos de trabalho para dizer que a população negra existe ao redor da Floresta Nacional do Araripe.
Elas defendem que o povo é o principal patrimônio. “Se ele não for cuidado, vai incidir de uma maneira negativa nesse ambiente. O que a gente quer com esse projeto e vários outros é dizer o povo negro existe, que ele tem direito à educação que o coloque como sujeito, e não como objeto”, destaca Verônica.
Sobre o Afrobarroco
O programa Afrobarroco pretende utilizar publicações, podcasts e produções audiovisuais como recursos educativos para apoiar a aplicação das Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira e indígena em todas as etapas da educação.
O intuito é integrar os saberes tradicionais e conhecimento científico, incentivando novas formas de aprendizagem a partir de uma perspectiva descolonizadora.
O programa, vinculado ao Ministério da Educação (MEC), é realizado em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (PROEXC); com a Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnicos-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ); Selo Anjo Negro; Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) e Terreiro das Pretas.
“O Afrobarroco nasce para fortalecer identidades, criar caminhos pedagógicos afrocentrados e reafirmar a potência dos territórios negros. Uma noite que ecoa. Uma construção que começa agora”, afirmou o GRUNEC nas redes sociais.

