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‘Tecnointerferência’: Como o vício em tecnologia afeta as relações pessoais?
Entrevistamos a psicóloga Ândrya Kelly
Yanne Vieira
Foto: Pixabay

O fácil acesso aos recursos tecnológicos têm modificado cada vez mais o cotidiano da população, além de tornar comum o uso de redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter e outras, o ‘combo moderno’ pode trazer consequências como o vício e problemas psicológicos.

O Site Miséria conversou com a psicóloga Ândrya Kelly para entender os impactos do uso dos aparelhos eletrônicos nas relações cotidianas, “é necessário estar atento e observar se o uso das tecnologias tem tomado uma proporção disfuncional e prejudicial na sua vida. A má utilização das tecnologias expõe a vários riscos, que podem ser: alterações comportamentais, insônia, estresse, ansiedade por se comparar com o mundo “perfeito” que as redes sociais expõem, e até mesmo a dependência tecnológica”, afirma.

De acordo com a psicóloga, o cenário de relação com a tecnologia foi modificado durante a pandemia, o que reflete em muitas pessoas utilizando o celular como forma de autorregulação emocional e fuga de situações desconfortáveis, o que leva ao isolamento, introspecção e afeta diretamente as relações interpessoais.

Uma pesquisa realizada pelo Laboratório Delete-Detox Digital e Uso Consciente de Tecnologias, da Universidade Federal do Rio De Janeiro (UFRJ), apontou que 62,5% das pessoas participantes do estudo, usaram tecnologias por mais de três horas todos os dias e 49,1% por mais de quatro horas, durante o período de dois meses (1º de novembro de 2020 e 1º de janeiro de 2021) do isolamento social da pandemia da Covid-19.

Por que podemos nos sentir tão rejeitados quando um parceiro ou amigo escolhe interagir com um telefone em vez de nós?

De acordo com a psicóloga Ândrya Kelly, os motivos podem ser diversos, mas, inicialmente pode estar relacionado à expectativa que se tem em relação ao outro, e a forma como a pessoa espera que o parceiro ou amigo se comporte.

Em outra perspectiva, as pessoas de algum modo sentem medo de serem rejeitadas por não saberem lidar com tal emoção, visto que essa experiência de certo modo ativa crenças de ser desvalorizado, de não ter importância, e traz a sensação de desprezo”, afirma Ândrya.

A psicóloga Ândrya Kelly

A psicóloga Ândrya Kelly (Foto: Reprodução)

A psicóloga comportamental e especialista em tecnologia, Michelle Drouin, e o psicólogo McDaniel publicaram, em 2016, um estudo no jornal da Associação de Psicologia Americana (APA PsychoNet), sobre o uso da tecnologia e a interferência nas relações pessoais.

De acordo com a pesquisa, 72% dos casais relataram ter interferências em suas interações com o parceiro ao longo de duas semanas. Mais importante, nos dias em que os participantes relataram mais ‘tecnoferência’ eles também relataram mais conflito sobre tecnologia, interações pessoais menos positivas com seu parceiro e mais negatividade em relação a seus humores e sentimentos sobre seus relacionamentos.

É através das redes sociais que coletamos informações que hoje, tem peso fundamental na sociedade digital, o quanto somos queridos, interessantes, como nossas vidas impactam os outros e a lista só cresce.

COMO LIDAR COM A DEPENDÊNCIA

Nem sempre é fácil reconhecer quando está passando dos limites, a psicóloga ndrya Kelly relata que muitas vezes quando se está no celular, a noção de tempo é perdida.

No entanto, existem algumas formas funcionais de lidar com o uso. A psicóloga afirma que medidas como inserir outras atividades na rotina, limitar o tempo de uso, evitar a utilização durante as refeições e momentos de convívio social, e se desconectar das tecnologias no mínimo 1 hora antes de dormir, torna o uso de tecnologia em algo saudável.

Dividir a atenção entre o celular e outros acontecimentos ou pessoas que estão ao seu redor, significa que você não está 100% em nenhuma das atividades, e pode acabar trazendo prejuízos em uma delas. Por isso é preciso entender que as tecnologias devem funcionar como uma extensão e não como parte essencial da vida”, conclui.

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