Cerimônia aconteceu no Salão de Atos, no campus Pimenta, no Crato. Foto: Solange Santana.
As fundadoras do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec), Verônica e Valéria Carvalho, receberam o título de doutoras honoris causa da Universidade Regional do Cariri (URCA), na última quarta-feira (24). A cerimônia aconteceu no Salão de Atos do campus Pimenta, na cidade do Crato, e contou com a presença de centenas de pessoas. Agora, ambas são chamadas carinhosamente de ‘Doutoras do povo preto’.
A honraria é concedida a personalidades que contribuíram de forma notável em suas áreas de atuação, seja na cultura, na educação ou em ações voltadas à humanidade. Honoris causa significa “por causa da honra“. Verônica Carvalho é bióloga e assistente social. Valéria Carvalho é pedagoga.
Conhecidas pelo enfrentamento à luta antirracista na região, as irmãs, descendentes de quilombolas originários do Piauí, atuam há mais de duas décadas na defesa e no direito à vida das populações negras. No Cariri, o Grunec (2001), sob a liderança de Verônica e Valéria, travou importantes lutas, como a construção do curso de Educação no campus da URCA e a elaboração da proposta do PIBID Diversidade do Instituto Federal do Ceará, campus Juazeiro do Norte.

Cerimônia aconteceu com o auditório cheio. Foto: Solange Santana.
As irmãs também organizaram, em 2010, o mapeamento das comunidades quilombolas e/ou rurais negras do Cariri, em parceria com a Cáritas Diocesana de Crato. De forma contínua, mantêm diálogo com instituições de ensino e órgãos públicos para o desenvolvimento de atividades formativas relacionadas ao saber negro, como o evento Artefatos da Cultura Negra, de caráter acadêmico, voltado à formação de professores.
“Hoje é um dia histórico para o movimento negro cearense, pois o reconhecimento acadêmico de Veronica Carvalho e Valeria Carvalho é um marcador epistemológico necessário para a educação étnico raciais no ensino superior. Este marco é fruto de uma vida de luta e atuação politica no Cariri cearense, mas que reverbera em todo o estado, sendo exemplo de militância antirracista”, disse o Movimento Negro Unificado do Ceará nas redes sociais.

