O Cariri recebe neste mês de outubro o espetáculo “Margarida: Pra você lembrar de mim”, estrelado e dirigido pela performer Luz Bárbara. Com sete datas — sendo seis gratuitas — nas cidades de Juazeiro do Norte e Crato, as apresentações têm início nesta sexta-feira (10) às 19h, na Casa de Farinha Mestre José Gomes, ponto de cultura da comunidade do Baixio do Muquém, em Crato.

Com duração de 50 minutos, a montagem dialoga com características do teatro documentário, da performance e do cinema expandido, propondo construir um espetáculo que une  narrativa histórica, memória pessoal e intervenção poética. A classificação indicativa é a partir de 14 anos.

A montagem revive a trajetória de Margarida Maria Alves, líder sindical assassinada em 1983. Durante a apresentação, Luz Bárbara conta com o suporte de sons, manipulação de objetos, interação com o público, abertura de câmera ao vivo e projeções audiovisuais para trazer vida à obra. 

De acordo com a protagonista, a montagem não apenas homenageia Margarida, mas também reencanta a memória ancestral do povo Kariri e das mulheres do campo. 

A peça, que já passou por Porto Alegre, Brasília, São Paulo e Rio Grande do Sul, ainda conta com produção de Edmilson Alves, iluminação de Michel Leocaldino e dramaturgismo de Edceu Barboza. A trilha sonora é de Chico César, o projeto sonoro é de Luiza Akimoto e a cenografia de Gleilson Eugenio. 

Maioria das apresentações serão realizadas na zona rural. Foto: Natália Tupi.

Quem foi Margarida Maria Alves?

Margarida Maria Alves nasceu em Alagoa Grande (PB). Trabalhadora rural e líder sindical, moveu mais de 600 ações trabalhistas em 12 anos de mandato, todas ganhas. Lutava por direitos básicos, como salário digno, férias, carteira assinada e regulamentação da jornada de trabalho.

Também participou da criação do Movimento de Mulheres do Brejo (MMB), uma das primeiras organizações de mulheres da América Latina.

Ao liderar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, enfrentou usineiros, fazendeiros e políticos da região. Em 12 de agosto de 1983, foi assassinada aos 51 anos na porta de casa, diante do marido, filho e vizinhos. Sua família foi expulsa das terras.

A morte de Margarida teve repercussão nacional e internacional, com apoio da Anistia Internacional. Ela é homenageada na Marcha das Margaridas, maior encontro de mulheres da América Latina, realizado a cada quatro anos em Brasília desde 2000.

Em 2000, durante a primeira Marcha das Margaridas, houve denúncia contra o Estado brasileiro na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Após anos de tramitação, Margarida foi reconhecida como anistiada política em 2016. Em 2018, a CIDH responsabilizou o Brasil pela sua morte.

Sobre a artista

Luz Bárbara é multiartista nas linguagens da performance, literatura, teatro e cinema.  É formada em Ciências das Religiões pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com pesquisas em antropologia do imaginário.

Foto: Natália Tupi.

Cronograma de apresentações no Cariri

• 10 de outubro  – Espaço Cultural Casa de Farinha Mestre José Gomes – Comunidade do Baixio do Muquém, Crato, 19h
• 11 de outubro  – Festival Vem Pra Beatos – Ong BEATOS – Crato, 21h30 | Entrada será paga, pois a apresentação será dentro do festival de música.
• 13 de outubro – Carrapato Cultural – Crato, 19h
• 14 de outubro – Escola Alaíde – Juazeiro do Norte, 19h
• 15 de outubro – Aldeia de Poço Dantas – Crato, 18h30
• 16 de outubro – PROCEM – Projeto Cultural Edite Mariano – Crato, 19h
• 17 de outubro – Sítio Leite – Juazeiro do Norte, 19h