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Médico relata ter recebido ofensas e até ameaças de morte por parar luta entre Diaz e Masvida
Consultório do neurologista Nitin K. Sethi foi alvo de ligações de fãs irritados
Redação
Médico Nitin K. Sethi examina Nate Diaz no UFC 244 — Foto: Getty Images

Ser médico do UFC não é uma tarefa fácil. Pelo menos foi o que descobriu o médico Nitin K. Sethi, que atua em Nova York e foi escalado para ser o responsável pelo UFC 244, realizado no Madison Square Garden no último sábado. O neurologista revelou, em entrevista ao site “MMA Fighting” ter recebido ofensas e até ameaças de morte por ter decidido interromper no intervalo do terceiro para o quarto round a luta principal do evento, entre Nate Diaz e Jorge Masvidal. Sethi revelou ter recebido ofensas via internet e até ameaças de morte.

– Sou um ótimo neurologista e um médico muito bom. Me chamaram de m*** na internet, ligaram para o meu consultório e xingaram as pessoas, me fizeram ameaças de morte… Temo pela minha segurança. Alguém pode se machucar com tudo isso, e provavelmente serei eu. As pessoas não se dão conta do que estão fazendo quando agem assim. Essa é a dura realidade do MMA. É uma vergonha que esse tipo de coisa aconteça. Tods que estão envolvidos com esse esporte deveriam se sentir envergonhados por situações como essa. Não deveriam acontecer coisas asim no MMA. Nunca passei por isso, e já atuei em muitos esportes. As pessoas estão muito exaltadas, e esse tipo de coisa só as exalta ainda mais. No caminho para os bastidores, vi pessoas me xingando com muita raiva.

O médico explicou que a sua decisão foi baseada no exame que fez de Nate Diaz, que teve o supercílio descolado do crânio por conta dos golpes de Masvidal. Segundo ele, a integridade física e a saúde de Diaz não podiam mais ser garantidas além do ponto em que a luta estava, e por isso Sith decidiu interromper a disputa.

– Tomei uma decisão objetiva baseada no exame que fiz do lutador. Não foi apenas o corte, mas uma análise geral dele e de como a luta estava se desenvolvendo. A partir do momento em que percebi que não poderia garantir sua segurança e sua saúde, tive que tomar a decisão. Se, em algum momento, eu perder a minha objetividade e passar a me preocupar em como as minhas decisões serão vistas pelo UFC, pelos fãs e pela imprensa, eu deixo de ser o médico da luta e abandono a minha carreira. Eu tenho que ser objetivo, e objetivamente tomar as minhas decisões. Se houver qualquer dúvida, você tem que fazer o que for preciso para proteger o atleta. A saúde dele vem em primeiro lugar. Todas as minhas ações precisam ser vistas a partir desse prisma pelas pessoas, mas não é isso o que acontece.

O neurologista disse que é preciso que respeitem os limites dos atletas, mas principalmente que confiem nos médicos e nos seus pareceres quanto à capacidade física de um atleta poder continuar a receber golpes. Segundo ele, pessoas sem formação médica têm uma visão muito diferente da que um profissional possui de determinados cenários.

– Os protocolos respaldam as minhas decisões médicas. Tenho o maior respeito pelo senhor Diaz. Ele é um daqueles lutadores que nunca desiste, e certamente teria continuado a lutar. Foi o que ele me disse no octógono, e eu admiro isso. Mas cada um tem uma visão do limite ao qual se deve chegar antes de se interromper uma luta. Um fã, um árbitro ou um jornalista têm as suas visões. Um médico vê as coisas de uma forma diferente, e é preciso que se respeite a decisão de quem está lá exatamente para avaliar se o limite clínico de um atleta foi atingido.

Para Sethi, a reação raivosa dos fãs pode deixar um legado negativo no que diz respeito à segurança dos atletas, uma vez que os médicos podem vir a se sentir intimidados a interromper lutas mesmo se acharem necessário, por medo das consequências em suas vidas.

– Após o que aconteceu no sábado, acho que a única coisa triste sobre tudo isso é que haverá médicos que agora terão muito medo de tomar suas decisões, e quando médicos temem decidir para uma luta por medo da repercussão que a sua decisão terá, passamos a entrar em um território muito perigoso.

Globo Esporte

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