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O que dizer destes jogadores encarregados de impedirem o avanço dos atacantes em direção à sua meta? Valentes, destemidos, brutos, técnicos, geniais, seriam os adjetivos mais comuns, no entanto, creio que o melhor de todos seja, racionais. Os melhores defensores do futebol mundial têm em comum a racionalidade, seja no tempo de bola, na precisão do passe, no desarme, seja, fundamentalmente, na liderança exercida dentro e fora de campo.
Ao longo da história do futebol foram inúmeros os defensores que se tornaram ídolos em seus clubes e em suas seleções nacionais. Do mesmo modo, são muitos os que, hoje em dia, possuem batalhões de fãs incondicionais. Assim, que tal misturarmos as gerações e formarmos duas linhas de defensores no sistema 3 – 5 – 2? Feito? Então, mesmo que não tenhamos o futebol do México aqui representado, exaltemos estes craques: “Arriba!”.
Digamos que o clube “A” fosse com Bobby Moore, Daniel Passarela e Harry Maguire, dois ingleses e um argentino. Dois ingleses de gerações e estilos diferentes, porém complementares; o clássico Moore e o talentosíssimo e indisciplinado Maguire, apoiados e, por que não, capitaneados pelo aguerrido argentino Passarela? Uma linha de defensores intransponível.
O jovem Maguire (Sheffield, 5 de março de 1993), quando contratado pelo Manchester United, em agosto de 2019, custou a bagatela de 87,1 milhões de euros, tornando-se o zagueiro mais caro da história; algum talento ele tem. Maguire figura na lista do time ideal das duas últimas Eurocopas. Bobby Moore (Essex, 12 de abril de 1941 – Londres, 24 de fevereiro de 1993), foi um zagueiro clássico, elegante, exímio no desarme e na saída de bola que, contudo, não se eximia de fazer às vezes do xerife, levantando o adversário se preciso. Foi eleito o 24°maior jogador do século XX pela IFFHS.
A Argentina é um celeiro de bons zagueiros, mas Daniel Passarela (Chacabuco, 25 de maio de 1953) é um marco como defensor. Considerado baixo para a posição, 1,76 m, Passarela notabilizou-se pelo jogo aéreo, tanto no desarme como na frente fazendo gols. É o segundo zagueiro que mais gols assinalou na história, ficando atrás apenas de Ronald Koeman), foram 22 pela seleção Argentina, 99 pelo River Plate e 35 no futebol italiano (Fiorentina e Inter de Milão). Exímio lançador e cobrador de faltas, Passarela é o único argentino bicampeão mundial (1978 e 1986). Passemos à formação do clube “B”. Gerard Piqué, Franco Baresi e Ruud Krol, se bem que Paolo Maldini cairia muito bem. Como Baresi é inquestionável em todos os sentidos, deixemos Krol e Maldini e Piqué jogarem 30 minutos cada um.
Franco Baresi (Travagliato, 8 de maio de 1960), é considerado pela crônica especializada e por torcedores do mundo inteiro, um dos maiores defensores da história. Jogou toda a sua carreira profissional pelo Milan, foram vinte anos entre 1977 e 1997. Foi um defensor completo e consistente que combinava força e potência com elegância e tenacidade. Foi eleito o maior jogador do Milan em todos os tempos, no ano de 1999, além deste título individual, é considerado o quarto maior jogador italiano de todos os tempos pela IFFHS. Jogou três Copas do Mundo pela Azurra, 1982 (campeão), 1990 e 1994.
Paolo Cesare Maldini (Milão, 26 de junho de 1968), assim como Baresi, jogou toda a sua vida de atleta pelo Milan. Chegou aos 10 anos, em 1978 e se aposentou em 2009. Ao todo, Maldini disputou 902 jogos oficiais pelo Milan, conquistando ao longo de 25 anos como profissional, 26 títulos. Maldini disputou por três vezes a Eurocopa: em 1988, 1996 e 2000, tendo sido vice-campeão nesta última. Pela seleção italiana disputou 4 edições da Copa do Mundo, 1990, 1994, 1998, quando foi treinado por seu pai Cesare Maldini, e 2002.
O holandês Ruud Krol (Amsterdã, 24 de março de 1949), começou sua carreira profissional jogando pelo Rivalen, time da segunda divisão holandesa, mas logo aos 17 anos foi contratado pelo Ajax, agremiação pela qual jogou até 1980. Ao longo da carreira conquistou 7 campeonatos holandeses, 3 Copas dos Campeões da Europa e duas Supercopas. Pela seleção da Holanda foi peça chave no esquema que ficou conhecido como “carrossel holandês”. Bastante técnico e muito eficiente no controle e saída de jogo, Krol vestiu a camisa laranja 83 vezes, sendo vice-campeão duas vezes, em 1974 e 1978.
Gerad Piqué (Barcelona, 2 de fevereiro de 1987) não é apenas o marido da cantora Shakira, é, sem a menor dúvida, um dos maiores zagueiros de todos os tempos. Começou a jogar futebol muito cedo, ainda aos 10 anos, no Barcelona. Aos 17 anos de idade foi negociado com o Manchester United, clube pelo qual jogou até 2008, sendo que em 2006 e 2007 esteve emprestado ao Zaragoza. Ao fim do empréstimo, retornou para o seu time de origem, onde permanece até hoje. É um jogador que alinha características clássicas como elegância e velocidade no toque de bola, a um jogo de marcação mais dura. Piqué é um predestinado a títulos, já venceu 4 vezes a Liga dos Campeões da UEFA, sendo uma pelo United, três títulos mundiais pelo Barcelona. Pela “Fúria” foi campeão mundial em 2010 e campeão europeu em 2012. Definitivamente, um gigante.
Temos certeza que várias outras formações como estas sejam efetivamente possíveis, mas fiquemos com estas, na esperança de que, em breve, muitos outros talentos surjam, pedindo passagem, ou melhor, impedindo a passagem.

