
Robert Francis Prevost em sua primeira aparição como Papa Leão 14. Foto: Vatican News.
Assim que o então cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito papa nesta quinta-feira (8), sua primeira grande tarefa como pontífice foi escolher um nome papal. Ele optou por Leão XIV.
Alguns especialistas acreditam que a escolha é um legado de Leão XIII, papa que serviu entre 1878 e 1903 e ficou marcado por sua abertura ao diálogo com o mundo moderno. O nome “Leão” foi adotado pela primeira vez em 440 por São Leão Magno, o 45º líder da Igreja Católica e um dos poucos papas reconhecidos como Doutor da Igreja.
A escolha do nome papal tem profundo significado para a Igreja, pois estabelece conexões com pontificados anteriores e pode oferecer pistas sobre os caminhos que o novo Santo Padre pretende seguir durante seu governo. Sendo assim, o que pode representar a escolha do nome Leão XIV?
Quem foi o Papa Leão 13?

Papa Leão 13. Foto: Vatican News.
O nome Leão XIII foi adotado por Gioacchino Pecci em 20 de fevereiro de 1878. Seu pontificado, que durou 25 anos, é lembrado principalmente por representar uma inovação para a época, ao equilibrar a tradição da Igreja com uma abertura ao diálogo com a sociedade contemporânea.
Sua liderança à frente da Igreja foi marcada pelo pioneirismo em diversas iniciativas. Uma das mais significativas foi a publicação da encíclica Rerum Novarum, em 1891, que lançou as bases da Doutrina Social da Igreja. O documento abordou temas como justiça social e direitos trabalhistas, sinalizando uma nova postura da Igreja diante das transformações sociais e ideológicas do século XIX.
A Doutrina Social da Igreja é um conjunto de princípios morais e sociais que orientam a atuação da instituição e de seus fiéis, fundamentados no Evangelho e na tradição católica.
Leão XIII também teve um papel relevante no contexto brasileiro. Em 5 de maio de 1888 — às vésperas da assinatura da Lei Áurea —, enviou uma mensagem ao Império do Brasil pedindo pela abolição da escravatura, pressionando politicamente pelo fim do regime escravocrata no país.
Entre outras realizações de seu pontificado, destacam-se a promoção do diálogo com o mundo moderno, o incentivo ao estudo, a ampliação das relações diplomáticas e a valorização do rosário.
Gioacchino Pecci faleceu em 20 de julho de 1903, no Palácio do Vaticano.
São Leão Magno – o primeiro Papa Leão

São Leão Magno. Foto: Reprodução.
O 45º papa da história nasceu na região da Toscana, no centro da Itália. Seu pontificado teve início em 440 e durou 21 anos, até sua morte, em 461. Sua liderança foi marcada pelo compromisso com a paz e pela firme defesa da doutrina da Igreja.
Foi o primeiro bispo de Roma a adotar o nome Leão. Devido ao seu prestígio e relevância teológica, foi um dos dois únicos papas — ao lado de Gregório Magno — a receber o título de Doutor da Igreja, concedido em 1754 por decisão do Papa Bento XIV, em reconhecimento à sua notável contribuição para a teologia e a doutrina católica.
Durante seu pontificado, São Leão Magno destacou-se na defesa da fé cristã. Foi ele quem inspirou o Concílio Ecumênico de Calcedônia, que teve papel fundamental na formulação da doutrina cristológica, reafirmando a fé na Santíssima Trindade e na união das naturezas divina e humana de Cristo, ao mesmo tempo em que combateu heresias que ameaçavam a unidade da Igreja.
Leão I deixou um importante legado intelectual: quase 100 sermões e cerca de 150 cartas. Nesses documentos, revela seu profundo conhecimento teológico, ao mesmo tempo em que demonstra preocupação com a comunhão entre as diversas igrejas e com as necessidades espirituais dos fiéis.
Em seus escritos, São Leão Magno enfatiza a importância da justiça e da ordem na vida e na estrutura da Igreja, colocando em prática, ao longo de seu pontificado, todas as ações que considerava essenciais para a preservação da fé e da integridade eclesial.