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Max Petterson apresenta stand up comedy sobre vivências na França
Redação
Sotaque pesado da região da Cariri destaca trabalho do ator Foto: Reprodução/Instagram

O cearense Max Petterson apresenta, em Fortaleza, o projeto “Bôcu Bonjou” no dia 24 de janeiro de 2020. Será a primeira vez que ele realiza um show de humor no Ceará. Em quatro dias, todos os ingressos do stand up comedy foram vendidos. Natural de Crato, 505 km distante de capital cearense, Max ficou conhecido na internet por vídeos publicados contando os choques culturais vividos na França.

O que aborda o primeiro espetáculo da sua carreira no Ceará?

O meu primeiro stand up teve início na turnê do Whindersson Nunes. Apresentei em Paris e na Bélgica. Teve duração de 15 minutos, foi realmente uma prévia do desenvolveria depois. O “Bôcu Bonjou” vem com essa ideia de trazer minhas referências vividas desde a minha infância até meus dias atuais em Paris, só que com conteúdo mais peneirado. Como já venho há dois anos compartilhando minhas vivências no YouTube, procurei agora trazer assuntos novos que ainda não tinha pensado.

Que experiências fortaleceram a sua vontade de fazer o próprio espetáculo?

Tive várias referências para fortalecer o espetáculo, só que já venho do teatro. Faço desde 2005, sem parar. O momento que mais parei foi na França. Nos últimos cinco anos fui fazendo algo mais leve. Antes disso, tinha companhia de teatro no Brasil. Sempre tive na ativa teatral. O stand up não deixa de ser um monólogo teatral. Sempre tive vontade de criar um projeto meu. Depois que veio o YouTube, foi que amadureci. Eu acho que o momento certo era esse.

Como situa o “ser cearense” dentro dos seus estudos de artes cênicas?

Está na minha pessoa. Nas minhas referências como ser humano. O que estudo no teatro é diferente daquilo que eu faço no YouTube. Na verdade, estudo muito teatro contemporâneo. Tudo baseado em memórias. E parto do princípio da memória como ponto de partida para criação cénica.

Sua peça terá agenda em outros locais do País?

Está na nossa ideia levar o projeto para outras capitais. Tenho público forte em Recife, São Paulo e no Rio de Janeiro. Tem uma demanda. Só, como nunca tinha feito stand up, seria um pouco suicídio arriscar tanta responsabilidade. Nada melhor que começar em Fortaleza. Eu tenho um certo conforto e um público melhor para ver o que funciona ou não.

Do humor cearense você se espelha em alguém?

Do humor cearense tenho várias referências. Rossicléa, Adamastor Pitado, o próprio Espanta, Mução, são personalidades que estão ainda fazendo as coisas acontecerem. Cresci tendo essa referência de piada. Me inspiro muito neles.

Da nova geração do humor nacional existe alguém que você olha diferente?

Dessa nova geração do humor é outra vibe. Não me considero humorista. Conto histórias da minha vida. Acha graça quem quer. Conto histórias que eu vivi e acabo adaptando par uma versão mais cômica, sem inventar. A forma que eu falo é que deixa as coisas mais cômicas. Dessa nessa nova geração de humor tem Deidiane Piaf, que é do Denis Lacerda de Fortaleza, que eu acho incrível. A forma como ele faz dublagem, a forma com ele aborda, é um dos exemplos de fazer humor sem contar piada.

Possui inspirações em nomes do humor estrangeiro?

Tenho inspirações do humor francês. Querendo ou não vivo aqui. Quanto mais absorvo francês, mais entendo a língua e as piadas internas. Inclusive, consigo fazer humor em francês. Tem uma atriz chamada Camila Coutten que acho muito engraçada. Ela também tem essa vibe de fazer humor sem fazer piada. Acabo pegando referência mesmo que algumas coisas que ela faça não tenha muito sentido no Brasil por questões culturais. São olhares diferentes da mesma coisa.

Como situa o cenário do humor no Brasil?

Situou o humor no Brasil de forma estável, principalmente no Ceará. Minha avó é humorista, minha mãe também. Não são profissionais. O cearense é engraçado por natureza, o brasileiro também. Ainda mais com essa geração de mês e tudo que estamos vivendo. Eu acho quer o humor do Brasil sempre funcionou. Passamos do limite algumas vezes, mas tem como fazer humor sustentável.

A distância do Ceará afetou na sua fala e no seu comportamento?

É uma pergunta que todo mundo me fala e eu tenho explicação perfeita. Se você mora em Portugal, no Rio de Janeiro, se você mora em outro lugar que fala português diferente do seu, você tem várias referências da língua que vão chegando e, com o passar do tempo, mudando seu português. Moro na França, ninguém fala português. A única referência que tenho de português é a minha. O pessoal acha que falo um francês nordestino.

O que sente mais falta do Ceará?

As coisas que mais sinto falta no Ceará são energéticas. Do sol, do pôr do sol, a da energia das pessoas reunidas num bar numa ou na praça. Sinto falta da simpatia e do calor. Quando desço do avião em Fortaleza já incorporo aquilo ali e sinto. Na França tudo é frio.

Quanto tempo ficará com “Bôcu Bonjou” no Brasil?

Fortaleza já esgotou em quatro dias. Estamos tentando fazer uma sessao extra em Fortaleza e no Cariri. Por enquanto só. Talvez eu volte em 2020 com o espetáculo.

Qual o maior choque cultural vivido na França?

Meu maior choque cultural é quando eu estou aqui [França] e tenho de agir de uma maneira diferente da que eu sou. Tento me adaptar. Acho as coisas mais frias e distantes em questões íntimas. De abraçar, um contato mais próximo. É mais complicado você ser amigo e ir à casa de alguém.

Qual a dica que você dá para quem quer viver de humor?

Segure na mão de Deus e vá. Humor é algo muito complicado. Tem uma diferença entre as pessoas que fazem humor desde pequeno e tem quem quer entrar no cuspe. Acaba sendo forçado. Se você perceber que é forçado passe para outro coisa, para um drama. Mas, se notar que tem facilidade de fazer as pessoas riem sem muito esforço, vá.

Diário do Nordeste

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