
Bandeira de Santo Antônio em Barbalha é hasteada com ajuda de um caminhão munck. (Foto: Normando Sóracles/ AgênciaMiséria)
A algazarra dos carregadores, com os seus gritos de guerra, foram substituídos por uma multidão de inconsolados que trocaram as ruas pelo recesso dos lares. Uma chuva fina caiu na cidade. “Era o céu em lágrimas, cobrindo de bênçãos aquele momento, ou chorando a ausência da multidão”, comentou o repórter Normando Sóracles. As solteironas tiveram que curtir o seu caritó, mais uma vez , nas entranhas de uma solidão indisfarçável. O sonho de um casamento, com a ajuda de Santo Antônio, foi adiado para o próximo ano, ou vivido virtualmente nas redes sociais.
Mas os devotos de Santo Antônio não perderam sua fé. Uma procissão de fiéis, cantando o hino de Santo Antônio hasteou a bandeira do padroeiro em frente à igreja matriz no mesmo mastro que marcou o início da festa no ano passado.
A fé em Santo Antônio foi mais forte do que o medo de contrair o vírus. Afinal, a fé é um sentimento total de crença nas palavras de Cristo. No contexto religioso, a fé é uma virtude daqueles que aceitam como verdade absoluta os princípios difundidos por sua religião. Ter fé em Deus é acreditar na sua existência e na sua onisciência. A fé é também sinônimo de religião ou culto. Com este sentimento foi aberta a festa de Santo Antônio , que terá continuidade até o dia 13, quando se comemora o dia do santo casamenteiro.

Bandeira de Santo Antônio em Barbalha foi hasteada com ajuda de um caminhão munck. (Foto: Normando Sóracles/ AgênciaMiséria)
MISTURA DE RAÇAS
O pau da bandeira de Barbalha é a maior festa de confraternização do Cariri, ao lado da Expocrato. Os eventos mostram a necessidade que o homem tem de se socializar. O homem é um ser social, a sociedade é uma conquista e os grupos sociais que vivem na sociedade é a essência da vida em sua plenitude de amor fraterno.
Somos sociais, queremos viver em grupos, ter amigos para conversar, dialogar sem interesses, apenas opiniões ou mesmo conversas evasivas, isto faz parte do íntimo de cada um, precisamos ter grupos de pessoas de diferentes pensamentos, mas que são harmoniosas, simplesmente por serem seres humanos, que necessitam de ombro, de um sorriso, de uma festa que reúna as mais diversas culturas.
Mais do que nunca precisamos nos encontrar. A maioria vive isolada em sua solidão, tem apenas um computador para interagir, um telefone que manda mensagens, mas não tem os olhos de alguém que lhe sorria, que dialoga sobre tudo e todos. Os desejos nascem, fluem e vão embora simplesmente por perceberem que o momento é apenas de amizade, de carinho e de troca de afagos de amizades que nascem tornando a vida mais sublime e verdadeira. Daí a importância das festas populares, que se transformam numa verdadeira mistura de raças.
Por Antônio Vicelmo
Especial para o Miséria