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Escola de Saúde Pública do Ceará pode participar de estudo sobre câncer em mulheres quilombolas
A pesquisa é desenvolvida pelo Grupo de Educação e Estudos Oncológicos (Geeon) da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Yanne Vieira
Foto: Elon Nepomuceno

O Grupo de Educação e Estudos Oncológicos (Geeon) da Universidade Federal do Ceará (UFC) deve começar, em breve, um estudo para identificar as mutações que provocam câncer de mama agressivo em mulheres quilombolas no Estado. Com recursos aprovados, o projeto busca parceiros para compor uma força-tarefa. Um deles é a Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).

Com a coordenação do professor Ronald Feitosa Pinheiro, a ideia do Geeon surgiu a partir de uma paciente do quilombo dos Caetanos, em Tururu, que narrou que a mãe e duas irmãs morreram de câncer de mama. Mesmo com o resultado negativo no tratamento da paciente, o caso despertou a atenção da equipe. O Grupo passou a observar situações semelhantes em mulheres negras de um quilombo de Maranguape, que também buscaram atendimento.

O professor explicou que o projeto é vinculado ao Ministério da Saúde, e que “busca avaliar a saúde global das comunidades quilombolas, focando nos cânceres, seja o de mama ou os hematológicos. Nós vamos pesquisar mutações que dão origem a essas doenças, além de fazer uma avaliação em cima dos fatores ambientais que também são capazes de influenciar como, por exemplo, a obesidade e o cigarro [tabagismo], elementos que a gente consegue intervir. O câncer é uma doença multifatorial, tanto da genética como do fator ambiental”, conclui.

Desde fevereiro, quando a autarquia foi convidada pelo Geeon a contribuir com o estudo, alguns encontros vêm ocorrendo para alinhar processos. O mais recente, foi no último dia 1º de abril, contou com membros não só das duas instituições, mas também de outras entidades ligadas à pauta quilombola, como a Assessoria Especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais e a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial.

Entre os representantes da ESP/CE, estavam o superintendente Marcelo Alcântara e o gerente de Pesquisa em Saúde, Jadson Franco. Na ocasião, foi formalizada a intenção de dar suporte à iniciativa.

De acordo com a Sesa, já nas próximas semanas, um instrumento para oficializar a parceria deve ser criado. Até lá, mais alguns alinhamentos do plano de trabalho devem ocorrer e está prevista, ainda, uma apresentação das atividades a líderes quilombolas de todo o território cearense.

“Eu vejo como um marco, em meio à trajetória que a Pesquisa vem desenvolvendo dentro da Escola. É um novo momento, onde a gente, além de produzir conhecimento, começa a ser acionado por outras instituições. Estamos muito felizes com esse reconhecimento”, pontuou o gerente de Pesquisa em Saúde da ESP/CE, Jadson Franco.

O projeto

De acordo com o Geeon, os pesquisadores foram contemplados pelo Programa Nacional de Oncologia (Pronon) e conseguiram captar recursos para realizar o estudo. O objetivo dos pesquisadores é fazer um levantamento com mais de 4 mil famílias distribuídas em 73 comunidades existentes no Ceará, por meio de rastreamento com exames nas mulheres com mais de 40 anos ou com faixa etária menor, desde que apresentem sintomas. A duração prevista das atividades é de três anos.

Quilombos

Na era colonial e imperial, os quilombos foram espaços construídos pelas pessoas escravizadas, negros, africanos e afrodescendentes fugidos da escravização em busca de viver em liberdade. Atualmente, as comunidades quilombolas representam grupos étnicos, predominantemente constituídos pela população negra, rural ou urbana, que se auto definem a partir de relações específicas.

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