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Hemoce envia plasma excedente para a indústria; material retorna como remédio para pacientes do SUS
No Brasil, apenas dez hemocentros estão aptos a enviar plasma para o setor
Yanne Vieira
Foto: Emmanuel Denizard

Na última semana, o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), equipamento vinculado à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), forneceu mais de 2.800 bolsas de plasma excedente, ou seja, que não seria utilizado em transfusões, para a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás).

O material será usado na produção de hemoderivados como albumina, imunoglobulina, complexo protrombínico, fator de von Willebrand, fator VIII e fator IX de coagulação, que são fundamentais no tratamento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

No Brasil, apenas dez hemocentros estão aptos a enviar plasma para o setor.

De acordo com o hemocentro, a unidade passou por auditoria da Hemobrás e da Octapharma, empresa que fabrica os hemoderivados a partir do plasma humano. Foram analisadas as unidades que fazem parte do ciclo do sangue do hemocentro: Atendimento ao Doador, Hemovigilância, Processamento, laboratórios de Qualificação do Sangue do Doador e de Controle de Qualidade de Hemocomponentes. O Sistema da Gestão de Qualidade do Hemoce também foi avaliado.

Para Denise Brunetta, diretora de Hemoterapia do Hemoce “essa é uma grande conquista para o Hemoce e para a população cearense, já que o plasma excedente que, muitas vezes, era descartado, será transformado em medicações para pacientes com diversas doenças. Além da redução do descarte, com menor geração de resíduo biológico, o retorno para a população na forma de hemoderivados é um ganho enorme para todos. A previsão é de que os envios ocorram mensalmente”, destaca.

Transporte

De acordo com o Hemoce, as bolsas de plasma são transportadas até a sede da Hemobrás, em Goiana, Pernambuco, e mantidas em câmara fria a -35 ° C. O material passa por um processo de análise para que sejam verificados parâmetros de qualidade, considerados pré-requisitos para a aptidão à produção de hemoderivados, conforme as Boas Práticas de Fabricação (BPF). Após o estudo, o plasma é exportado para fracionamento no exterior e retorna ao País como produtos hemoderivados.

Em seguida, o material é distribuído aos pacientes do sistema público de saúde que necessitam desses medicamentos, como portadores de hemofilia e de outras coagulopatias.

“O fortalecimento da produção de hemoderivados no Brasil é um grande ganho para as pessoas que precisam desses produtos, especialmente para os pacientes do Programa de Coagulopatias Hereditárias”, afirma Luany Mesquita, diretora de Hematologia do Hemoce.

Mercado

“Os medicamentos a serem produzidos pela Hemobrás são destinados ao tratamento de uma ampla gama de doenças e apresentam preço de aquisição elevado devido às condições e à estrutura de mercado existente. A produção nacional desses medicamentos é de extrema importância porque reduz as vulnerabilidades científica e financeira do País diante do mercado internacional. A dependência externa nesse setor pode deixar o Brasil sujeito até mesmo à falta de medicamentos, influenciada pelo desequilíbrio entre a oferta e a procura em todo o mundo”, relata Frederico Monteiro, especialista em Produção de Hemoderivados e Biotecnologia da Hemobrás.

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