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A Justiça do Ceará determinou a suspensão, pelo prazo de 90 dias, de todos os episódios do documentário “A investigação Paralela: o caso de Maria da Penha”, produzido pela empresa Brasil Paralelo. A decisão é da 9ª Vara Criminal de Fortaleza.
A medida foi tomada no âmbito da operação “Echo Chamber”, deflagrada nesta terça-feira (15) pelo Ministério Público do Ceará, por meio do Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc), com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio Grande do Norte.
O documentário, segundo as investigações, contém acusações infundadas de fraude processual e uso de documento falso para subsidiar os argumentos. Foi identificada ainda a prática de perseguição virtual (cyberstalking) com o intuito de macular a imagem de Maria da Penha, além do crime de falsificação de documento público.
A operação ainda cumpriu mandado de busca e apreensão pessoal e domiciliar na cidade de Natal (RN) contra um dos suspeitos de envolvimento na campanha de ódio promovida nas redes sociais contra Maria da Penha. Durante a ação, foram apreendidos aparelhos eletrônicos e documentos, que seguirão para análise do MP do Ceará.
As investigações apontam para uma campanha sistemática de desinformação, ataques misóginos e conteúdo calunioso, com o objetivo de descredibilizar a história de Maria da Penha, vítima de tentativa de homicídio e símbolo da luta contra a violência doméstica, além de questionar decisão judicial já transitada em julgado e promover descrédito à legislação de proteção à mulher.
De acordo com o MP, conversas extraídas de aparelhos eletrônicos apreendidos indicam estratégias organizadas para invalidar a criação da Lei Maria da Penha, desacreditando a própria vítima e tentando mudar o nome da lei ou retirá-la do ordenamento jurídico. Há também indícios de que os envolvidos buscavam obter vantagem econômica a partir da exploração dessas narrativas.