Compartilhar
publicidade
publicidade
Neste ano, Ceará já registrou quase mil focos de calor; entenda impactos
Os dados são do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
Yanne Vieira
Sobral e Iguatu registram, em cinco dias, 84% do total de queimadas de julho em todo o Ceará
Foto: Arquivo/ (Jorge Alves)

Até este mês de outubro, o Ceará já registrou cerca de 1.000 focos de calor, ou seja, presença de fogo. Os dados são do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora as áreas através de imagens de satélite.

A base de dados do Inpe, iniciada em 1998, aponta que o Ceará alcançou o maior número de focos de calor em 2004, com 10.582 registros. Já no ano passado, o Estado registrou 4.379, o maior índice desde 2011.

De acordo com a agrônoma e pesquisadora da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Dra. Juliana Vieira, já a partir do segundo semestre, quando as chuvas no Estado reduzem, o cenário costuma ficar mais favorável às queimadas, mesmo tendo como pico de ocorrências o mês de novembro.

“Os incêndios florestais e queimadas são influenciados pelas elevadas temperaturas, baixa umidade do ar e também pela vegetação seca”, explica a agrônoma.

Segundo a Funceme, as queimadas são consideradas técnicas arcaicas e consistem no uso do fogo em uma determinada área para atividades como renovação do pasto, eliminação de pragas e ainda eliminação de restos de outras culturas.

A queimada pode afetar o meio ambiente de diversas formas como, por exemplo, a composição química da atmosfera que acaba agravando o aquecimento global, além da perda da biodiversidade local.

Especificamente para o solo, o impacto maior é o seu empobrecimento, visto que, durante esta prática, a matéria orgânica que é a reserva nutricional para as plantas, é destruída. A gente também vai observar a morte dos microorganismos do solo, que são responsáveis pela degradação da matéria orgânica. Esta prática também vai agravar os processos erosivos, já que a área fica mais vulnerável à ação dos ventos e da água”, reforça Vieira.

Além dos problemas ambientais, as queimadas podem contribuir para questões socioeconômicas, pois a terra fica inapta para a agricultura, fazendo com o que o homem do campo tenha que se deslocar para outras regiões.

Combate

No Ceará, ações de combate às queimadas vêm sendo realizadas através do programa estadual Previna. Em 2018, um mapa foi elaborado indicando as áreas mais suscetíveis a incêndios florestais e queimadas, assim como o uso proibido do fogo em um determinado período do ano.

“Com o desenvolvimento da tecnologia, surgiram outras práticas que podem substituir o uso do fogo. Alguns países já utilizam máquinas para fazer o preparo da terra para o plantio. No semiárido, porém, nem todos os agricultores têm acesso a este tipo de tecnologia e acabam utilizando das queimadas para realizar a limpeza de áreas. Porém, se realmente for necessário o uso da prática, ela deve ter acompanhamento técnico , evitando maiores impactos ao meio ambiente”, finaliza a pesquisadora da Funceme.

Compartilhar
Comentar
+ Lidas
TV Miséria