
Papisa Joana em algumas interpretações. Foto: Reprodução.
Durante séculos, a liderança da Igreja Católica foi exercida exclusivamente por homens, o que levanta uma pergunta recorrente: por que nunca houve uma mulher no cargo de Papa? No entanto, uma antiga lenda medieval sugere que isso já teria acontecido: a “Papisa Joana”, como é conhecida, teria chegado ao mais alto posto da hierarquia da Igreja.
Segundo relatos, Joana teria sido uma mulher que viveu no século IX, na Alemanha. Fugindo para Atenas disfarçada de homem, sob o nome de João VIII, ela teria buscado acesso à educação universitária, estudando diversas línguas e disciplinas da época, como grego, latim, medicina e teologia, até viajar para Roma e ascender na hierarquia da Igreja Católica.
Ainda de acordo com a lenda, Papisa Joana — Ioannes Anglicus, ou João, o Inglês, como é mencionada em textos medievais — foi eleita papa após a morte do Papa Leão IV — ou Leão IX, como algumas versões indicam. Sua escolha teria ocorrido por unanimidade entre os anos de 855 e 857, e ela teria ocupado o cargo por dois ou três anos, até que sua verdadeira identidade fosse revelada publicamente.
Seu papado teria chegado ao fim após se envolver com um amante e dar à luz uma criança durante uma procissão, o que revelou a todos que se tratava de uma mulher. A causa de sua morte permanece um mistério: há versões que apontam para assassinato, enquanto outras sugerem causas naturais.
Mesmo sendo uma figura lendária, a suposta líder da Igreja já foi tema de filmes, peças e livros. A Papisa Joana, drama de 2009 protagonizado por Johanna Wokalek, foi a primeira reinterpretação da famosa história nos cinemas. Com o mesmo nome, a peça escrita pela autora americana Donna Woolfolk Cross aborda temas como a misoginia na Igreja e o papel das mulheres, oferecendo uma releitura crítica da lenda. Entre outras obras, estão o livro A Curiosa História da Papisa Joana (1866), escrito por Emmanuel Rhoide, e a ópera moderna O Fabricante de Mostarda do Papa, de Alfred Jarry.

“A Papisa Joana”, dirigido por Sönke Wortmann. Foto: Reprodução.
Embora a história de Joana tenha sido objeto de diversas pesquisas ao longo dos séculos, não há evidências concretas que comprovem sua existência. Por isso, ela continua a ser considerada uma lenda até os dias atuais.