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Em menos de 3 meses de 2023, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em parceria com a rede Voces del Sur, registrou 145 casos de violência contra jornalistas no Brasil. No índice, as mulheres representam um total de 96,5% dos casos.
De acordo com os dados, 51% das denúncias contêm discursos estigmatizantes que buscam difamar e constranger as vítimas. Desses, 67.6% são discursos de autoridades e figuras proeminentes, 45.9% são campanhas sistemáticas de ataques e 0% são campanhas de desinformação.
31% dos registros são ataques de gênero — com ofensas à reputação e à moral, usando a aparência, sexualidade ou traços sexistas de personalidade para agredir. As demais situações envolvem agressões físicas e censura na internet.
A região Sudeste soma o maior número de casos com 50,3%, seguido de Centro-Oeste 13,8% e Sul 10,3%. O perfil das vítimas ultrapassa 90,3% quando se trata de repórteres e analistas. Em 62.7% dos casos, a vítima cobria temas políticos.
Outros tipos de agressões registradas:
1º Ameaças, intimidação e ciberameaças 33.8%
2º Agressões físicas 9%
3º Assédio e violência sexual 4.8%
4º Processos civis e penais 2.8%
5º Tentativa de homicídio e atentados 1.4%
Do total de casos, os agressores que mais atacaram jornalistas e comunicadoras foram em 57.9% dos casos, são homens.
1º Não identificado 57.2%
2º Estatal 29.5%
3º Não estatal 28.3%
4º Grupos à margem da lei 1.4%
Sobre os dados
O projeto Violência de gênero contra jornalistas, que conta com o apoio da UNESCO, é uma derivação do monitoramento de ataques à imprensa, feito anualmente pela Abraji usando os indicadores da rede Voces Del Sur.
O objetivo geral do monitoramento é lançar luz sobre o cenário de violência que atinge mulheres jornalistas e membros da imprensa, especialmente quando as agressões assumem características de gênero. Além de dimensionar o problema, a pesquisa pretende identificar os principais autores das agressões e elucidar mecanismos geradores da violência. A partir desse diagnóstico, é possível propor ações e intervenções mais efetivas.
Balanço
Em 2020, 37,5% dos 367 ataques a jornalistas e profissionais da imprensa brasileira foram direcionados a mulheres.Os números apontam que, ao exercer seu trabalho, as jornalistas foram alvos constantes de agressões (44,3%), restrições na internet (34,4%), discursos estigmatizantes (16,4%) e processos judiciais (4,9%). Em 2021 houve um total de 119 ataques contra mulheres jornalistas e/ou ataques de gênero envolvendo profissionais da imprensa. Isso significa que, em média, ocorreu um ataque a cada três dias.
Cada forma de violência buscou, a seu modo, diminuir, humilhar e silenciar as vítimas – o que representa, de maneira clara, uma violação da liberdade de imprensa e do direito democrático à livre expressão.

