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Cotidiano

Sarah Gomes

Repórter de Cidades do Site Miséria, graduanda em Jornalismo, pesquisadora na área de Antropologia e cronista do dia a dia. Escreve para passar a vida a limpo.

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Sarah Gomes

Repórter de Cidades do Site Miséria, graduanda em Jornalismo, pesquisadora na área de Antropologia e cronista do dia a dia. Escreve para passar a vida a limpo.

Nasce uma dona de casa
Foto: Reprodução/Arch Darly

Eu nunca gostei de ir pra academia, também nunca me preocupei com a minha alimentação, sempre torcia para não ser chamada para enxugar louça e dos dias de faxina a única coisa que eu gostava era ouvir minha mãe tocar o CD mais recente de Alcione no volume máximo.

Eu era tão invencível quanto a Mulher Maravilha e tão importante quanto uma rainha do Egito. Por isso, nada no mundo importava, a não ser subir nas árvores espalhadas pela praça em frente a minha casa. Ou pelo menos era o que eu pensava.

O tempo passou e eu perdi as contas de quantas vezes quebrei a cara. História para outro dia. Hoje, só penso em falar sobre o processo para remendar os pedaços esbagaçados, sobre os métodos para identificar os cacos e os meios que experimento para reciclá-los.

As atividades domésticas que tanto tentei ignorar, atualmente me ajudam a manter a cabeça no lugar. Arrumar a casa, lavar a louça, regar as plantas, estender as roupas, ir à feira duas vezes por semanas e não perder um dia da coleta de lixo. Ter um lar sob meu controle em um mundo tão descontrolado afia o meu senso de direção e é uma das minhas fontes de calmaria.

Organizar a casa tem caminhado lado a lado com organizar a vida. Olhar para as bagunças externas é um passo importante para aprender o que fazer com as internas. Não aprendi isso com a Marie Kondo e nem leio sobre Feng Shui. Minha relação com o lar parte de uma jornada de autoconhecimento e de um despertar particular.

Nesse sentido, uma casa não é sobre ter, mas sobre ser. Morar e sentir não são sinônimos, mas deveriam. Sentir-se em casa é exercício de intimidade, é cultivar um espaço seguro para vivenciar emoções e expressar verdades, é um ato máximo de autocuidado.

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