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Meio Ambiente

Yanne Vieira

Yanne Vieira é jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Possui pesquisas desenvolvidas nas áreas de Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente e Ciência, com foco no território do Geopark Araripe. Desde outubro de 2021, jornalista do Site Miséria.

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Yanne Vieira

Yanne Vieira é jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Possui pesquisas desenvolvidas nas áreas de Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente e Ciência, com foco no território do Geopark Araripe. Desde outubro de 2021, jornalista do Site Miséria.

Não importa o que diz a ciência, o furacão ruralista vai passar
Em cinco longos meses, o meio ambiente e tudo que envolve sua continuidade tem sido bombardeado pela bancada ruralista
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Confesso, tem sido difícil acompanhar essa semana. A aprovação da Medida Provisória que facilita o desmatamento da Mata Atlântica, o esvaziamento dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas e a aprovação do Marco Temporal na Câmara. Em cinco longos meses, o meio ambiente e tudo que envolve sua continuidade tem sido bombardeado pela bancada ruralista e não vai parar por aí.

O prenúncio do governo Lula com suas ministras que defendem o meio ambiente e os direitos dos povos originários não foi visto com bons olhos para os que “vivem” da destruição e do apagamento. A cabeça do poder mudou, mas o corpo bolsonarista anti-ambiental e desenvolvimentista continua fortalecido.

Demorou pouquíssimo tempo para os interesses comerciais influenciarem no emparedamento do governo, não por coincidência, todas essas medidas foram votadas e aprovadas em caráter de urgência após a negativa do Ibama sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas.

Essas mudanças impactam diretamente os brasileiros, a princípio, de maneiras desiguais. Enquanto os bolsos de alguns se enchem, pratos esvaziam-se em outro lugar. Não é uma derrota do Lula ou do seu governo, como diz a oposição. É uma derrota coletiva, e em algum momento a conta vai chegar.

Nos últimos 35 anos, em todas as áreas do Brasil, exceto nos territórios indígenas, os registros de desmatamento da vegetação nativa chegaram à beira do que os cientistas chamam de “ponto de não retorno”.

A proporção pode ser ainda maior com a aprovação do Marco Temporal, que restringe a demarcação de terras indígenas àquelas já tradicionalmente ocupadas por esses povos em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Não à toa, a medida segue na contramão dos direitos dos povos originários.

Essa restrição – somada à proibição da expansão de territórios indígenas e a permissão para plantar cultivares transgênicos nestas áreas – pode, de fato, extinguir a proteção integral da floresta e tornar cada vez mais difícil a manutenção da biodiversidade.

E não importa o que diz a ciência, os estudos, as projeções, porque o furacão ruralista vai passar e vai continuar passando. Ao mesmo tempo que Lula cede à pressão, repensa e volta atrás, ele acaba se perdendo entre bandeiras que defendeu e as contraditórias alianças que formou.

Enquanto isso, no vaivém das emendas parlamentares e do abraço ao centrão, o relógio do clima segue em descompasso e vale imaginar, depois de um furacão, o que resta?

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