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Meio Ambiente

Yanne Vieira

Yanne Vieira é jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Possui pesquisas desenvolvidas nas áreas de Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente e Ciência, com foco no território do Geopark Araripe. Desde outubro de 2021, jornalista do Site Miséria.

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Yanne Vieira

Yanne Vieira é jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Possui pesquisas desenvolvidas nas áreas de Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente e Ciência, com foco no território do Geopark Araripe. Desde outubro de 2021, jornalista do Site Miséria.

Financiamento de gasoduto argentino revela contradições do governo Lula
Especialistas apontam que a oficialização do investimento pode ser um tiro no pé, tanto na área econômica quanto ambiental.
Foto: Ravena Rosa/Agência Brasil

Nesta semana, o presidente Lula (PT), citou a possível disponibilidade do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o financiamento de projetos estrangeiros. Um deles é a construção do segundo trecho da rede de um gasoduto argentino, que deve transportar gás natural de xisto, produzido no campo de ‘Vaca Muerta’, para outros países.

Esse tipo de gás é ainda mais poluente do que o encontrado no Brasil, e aqui, já foi objeto de decisões judiciais nos estados da Bahia e Paraná, onde atividades de exploração chegaram a ser suspensas.

Especialistas apontam que a oficialização do investimento pode ser um tiro no pé, tanto na área econômica quanto ambiental.

Como funciona o projeto

Para se obter o gás é feita uma perfuração do solo na vertical e depois uma horizontal, em seguida, água e produtos químicos são inseridos para liberar o gás e o óleo que estão entre as rochas. Essa técnica, denominada de fraturamento hidráulico, contamina o solo e o lençol freático.

Além da contaminação, esse processo emite metano, gás 25 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO2). Ou seja, em caso de aprovação do investimento, o Brasil deve prolongar, ainda mais, a dependência dos combustíveis fósseis, um dos maiores causadores das mudanças climáticas.

Em 2022, a Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale, nos EUA, publicou um artigo sobre o fraturamento hidráulico. No texto, os pesquisadores afirmam que a prática aumentou “extensivamente as preocupações sobre o impacto no meio ambiente e na saúde das pessoas”.

Contradições

“Acertar” com a Argentina também invalida o discurso do Governo Federal no combate ao aquecimento global, que já estampa a realidade nos noticiários brasileiros com chuvas torrenciais, alagamentos e deslizamentos de terra, assim como as secas prolongadas que vêm afetando a produção agrícola.

A mea culpa também recairia sobre o BNDES, que desde 2021 incorporou a vertente de meio ambiente e destinou parte dos recursos para projetos com foco em restauração ecológica e recuperação de bacias hidrográficas em todo o território nacional.

Há, ainda, uma questão humanitária, enquanto o Brasil lida com o cenário pós-guerra nas Terras Yanomami, diretamente ligada à negligência do antigo governo, através da liberação do garimpo, será o povo do território Mapuche, na Argentina, os próximos a sofrerem com a expansão do gasoduto.

Em seus discursos, Jorge Anhuel, autoridade política da comunidade Mapuche, reforça que pelo menos 14 poços, de um total de 300, estão em terras de povos originários.

Em “contrapartida”, o governo Brasileiro diz que a medida deve baratear o custo do gás natural no território. A pergunta que permanece é “a que custo?”

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