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Meio Ambiente

Yanne Vieira

Yanne Vieira é jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Possui pesquisas desenvolvidas nas áreas de Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente e Ciência, com foco no território do Geopark Araripe. Desde outubro de 2021, jornalista do Site Miséria.

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Yanne Vieira

Yanne Vieira é jornalista formada pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Possui pesquisas desenvolvidas nas áreas de Jornalismo Ambiental, Meio Ambiente e Ciência, com foco no território do Geopark Araripe. Desde outubro de 2021, jornalista do Site Miséria.

Vulneráveis às mudanças do clima, cidades do Ceará precisam se adaptar (com urgência) aos eventos extremos
Enquanto houver uma relação tensa entre as cidades e o clima haverá prejuízos em larga escala
Foto: Corpo de Bombeiros

Nas últimas semanas, os noticiários foram tomados por matérias sobre enchentes e deslizamentos de terra associados ao grande volume de chuvas. No Ceará, cerca de 10 cidades decretaram estado de emergência. Mas a culpa é mesmo da chuva?

Março marca o último mês da quadra chuvosa, e não precisa voltar tanto no tempo para perceber que os impactos sofridos durante e após as precipitações estão mudando ao longo dos anos, seja na intensidade e/ou na frequência.

A chuva é sim uma ação natural, o fato é que colocá-la como causadora dos desastres nos isenta da culpa enquanto principais responsáveis pelo agravamento da crise climática. Seja o desmatamento, as emissões de gases poluentes, a especulação imobiliária ou a falta de planejamento e ação por parte do poder público, todos os fatores contribuem para o cenário catastrófico.

A mudança do clima tem uma relação indissociável com os direitos humanos. As vítimas dos deslizamentos de terra e alagamentos, na maioria dos casos, são pessoas que moram em zonas de risco ou em lugares com pouca, ou quase nenhuma estrutura básica.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), países subdesenvolvidos como é o caso do Brasil e principalmente a região Nordeste integram os grupos mais vulneráveis às consequências das mudanças climáticas.

Em Aratuba, os deslizamentos de terra deixaram 3 mortos e 23 famílias desalojadas. Além da perda de moradia, essas pessoas tendem a ficar mais expostas a doenças pelo contato com a água contaminada, que durante as enchentes se juntam com dejetos de esgotos e lixo.

Por esse motivo, o número de pessoas atingidas nesses casos, ou até mesmo de mortes pode ser subnotificado, doenças como leptospirose e tuberculose levam um tempo até serem diagnosticadas, o que releva mais uma falha na saúde pública, que se desconecta da causa inicial.

Além disso, as vítimas desses eventos extremos perdem não só as condições de uma vida digna, mas se veem obrigadas a reconstruí-la novamente na régua do poder público dependendo de alojamentos provisórios e doações de roupas e alimentos.

Enquanto houver uma relação tensa entre as cidades e o clima haverá prejuízos em larga escala, não só para os cidadãos, de forma direta, mas também para a estrutura que garante um solo fértil para plantio, água potável e outras formas de sustentar a vida.

Existem saídas para mitigar esse tipo de cenário que, segundo os cientistas, deve se tornar ainda mais frequente. Programas de adaptação devem ser levados em consideração de forma urgente pelo poder público, reconhecendo pessoas e grupos em situações de vulnerabilidade, além de formas mais efetivas de compensação para as vítimas do prejuízo climático.

O fato é que, sim, existe capital global suficiente para investir nessas soluções, mas existem barreiras que demandam mais do que uma mera diplomacia dos governos para fazer acontecer.

 

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